Teleperformance inaugura mais 1400 trabalhos precários
Uma das maiores empresas de contact center e outsourcing (ou customer experience management) em Portugal, deu a conhecer o seu mais recente investimento de 4 milhões para um novo estabelecimento, que proporcionará a criação de 1400 postos de trabalho, no máximo. 1400 novos precários, quererão eles dizer. “Um investimento que cria 1.400 postos de trabalho é um facto que merece ser destacado, nomeadamente neste momento ainda tão exigente por que passa a economia portuguesa”, disse o ministro da Economia, António Pires de Lima na inauguração, como se não fosse exactamente pela baixa de salários e das condições de trabalho que estas empresas são atraídas para Portugal.
Numa empresa em que se destaca a contratação com recurso ao regime do trabalho temporário, a termo certo, não se pode falar de postos de trabalho, mas sim de postos de precariedade. Postos que ficam à mercê dos negócios celebrados entre a Teleperformance e as empresas que requerem os seus serviços; negócios que contribuem para a desvalorização da força de trabalho em prol da valorização do serviço, praticando-se um custo médio por hora de trabalho no valor de 2.75€.
Num universo de alguns milhares de trabalhadores, distribuídos por várias campanhas (serviços prestados), destaca-se o trabalho temporário a termo certo, celebrado com a Emprecede, a ETT exclusiva da Teleperformance: um contrato de 7 dias que se vai renovando, de forma automática, até ao limite de 2 anos. Mas, dependerá sempre do tipo de campanha que se faça, sendo que este tipo de contrato semanal é mais comum nos serviços prestados em português. Por exemplo, nas campanhas estrangeiras (em que o trabalhador tem como língua de trabalho outra que não o português), pode o contrato ter um termo de 6 meses, também com possibilidade de renovação; e, por norma, o trabalhador recebe mais, podendo ter apoio no alojamento ou ajudas de custo, no caso de se tratar de cidadão não residente em Portugal. A diferença resume-se ao facto das empresas estrangeiras que recorrem a Portugal para estabelecer os seus serviços de call center ou helpdesk pagarem melhor – mas sempre muito menos do que pagariam noutro país europeu – em comparação com os valores que as empresas que já se encontrem sediadas em Portugal estão dispostas a pagar por esses mesmos serviços.
De qualquer modo, uma coisa em comum se destaca: uma política de flexibilização que permite a rápida e eficaz rotatividade dos trabalhadores, de acordo com o que a Teleperformance ou as empresas que contratam os seus serviços. O número de trabalhadores e o número de horas trabalhadas por cada indivíduo dependerá das necessidades da campanha onde se esteja colocado, sendo o salário base variável em função disso. Ressalvam-se os trabalhadores que têm a sorte de ter um vínculo laboral mais estreito com a Teleperformance – sob a forma de um contrato que levanta algumas dúvidas quanto à sua forma e designação -, o que à partida lhes garante um horário de trabalho fixo, muito embora a remuneração fique aquém das expectativas de qualquer pessoa que queira ter uma qualidade de vida razoável. Falamos sempre ao nível dos operadores de telemarketing, pois claro, porque a restante hierarquia rege-se por diferentes regras. É esta, aliás, uma das políticas da empresa: incentivar os operadores a darem o seu máximo, com a promessa de que conseguirão subir na hierarquia e atingirem essa qualidade de vida tão desejada, de melhores condições contratuais e melhor remuneração. Reflexo do desprezo com que o capitalismo tem vindo a encarar o valor do trabalho.
É desta forma que a empresa em causa, apoiada pelo actual Ministro da Economia, António Pires de Lima, anuncia o seu contributo a favor da empregabilidade, à custa de Portugal ser o novo paraíso laboral do contact center e outsourcing, ao proporcionar um cenário laboral assente em políticas de flexibilização e que patrocina a precariedade no trabalho e na vida.
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O povo precisa se mobilizar, ir às ruas. Acabar com a precariedade da terceirização. União faz a força. O povo precisa se conscientizar disso!. Boa sorte. Estejam com Deus!
Marcio Lima
Espirito Santo do Pinhal, SP
Brasil