Testemunho :: A chantagem da precariedade na Randstad
Sou funcionária da Randstad há aproximadamente 3 anos que presta serviço como outsourcing para uma grande empresa de Portugal em call center.
Quando iniciei o contrato de trabalho (contrato de termo incerto, na altura era a empresa Select) foram feitas inúmeras referências ao facto de que se cumprisse os parâmetros qualitativos e quantitativos dentro de 6 meses teria um aumento de escalão já devidamente estipulado pela empresa que para além de ter “peso profissional” teria também um aumento do valor pago mensalmente em cerca de 50€. (Escalões disponíveis; Júnior, Sénior, especialista.)
O ordenado base inicial de um operador Júnior seria então 500€.
O que aconteceu foi que ao fim de seis meses decidiram não me avaliar tendo em conta que nos dois primeiros meses (o chamado período de carência da empresa para cumprimento de objectivos quantitativos e qualitativos) não atingi o nº de chamadas estipulado.
O que acontece é que antes da nova proposta a avaliação para subida de escalão decidiram proporcionar-me a mudança para uma outra área na qual segundo diziam existir incentivos que me faria obter rendimentos então maiores do que com a subida de escalão.
Optei por aceitar tendo em conta a ambição também a nível profissional. Coincidência ou não na altura os incentivos ficaram congelados e as subidas de escalões também… (mas só para alguns.)
Durante estes três anos assisti a inúmeras formações a entrarem, a uma mudança de local de trabalho que me fez despender mais dinheiro em transportes públicos (sem que tivesse qualquer tipo de ajuda de custo) e obviamente a deslocação muito mais longa mas isto sinceramente nem seria a questão complicada…
Assisto todos os dias a existência do factor C e o mais grave as represálias daqueles que lutam e afirmam ter direitos.
Posso afirmar que existem pessoas com menos antiguidade do que eu na empresa que tem escalão acima do meu e comparando qualitativamente ou quantitativamente dificilmente atingiriam os objectivos propostos.
Estou há três anos naquela empresa e ganho tanto como uma operadora que entrou ao serviço no dia de ontem? Como é possível não existir progresso profissional? Estagnou? PORQUE?
Porque as amizades, interesses e lobbys continuam a existir e a passar por cima do bom profissional, daquele que se esforça para cumprir e que chega mesmo a vestir a camisola da empresa para meses depois levar uma justificação inútil.
Este ano foi o ano do descongelamento das subidas de escalão (note se: para alguns apenas).
Segundo os métodos anteriores seríamos avaliados quantitativamente e qualitativamente MAS NÃO! Isso não aconteceu ….
Segundo eles os parâmetros mudaram (não foi feita nenhuma comunicação) e essencialmente iam mudando a justificação mediante o assistente.
Foi me negada a subida de escalão porque utilizei o antigo artigo º232 para substituição de uma falta (fiz isto para não perder o direito ao dia porque ate tinha justificação do médico.)
Aos outros assistentes injustamente foram aplicados motivos completamente absurdos (Falta de auto confiança, exigir direitos, postura profissional entre outros …)
De lamentar também o facto de terem sido propostos para alteração e subida de escalão assistentes que mantém um contrato mais antigo (benefícios a nível de prémios de assiduidade) o qual querem eliminar e a troca seria a passagem para especialista mas com os novos contratos.). As pessoas que foram propostas tinham como eu no ano de 2010 justificados dias de falta com o artigoº232 do código de trabalho e foram então também propostas a subida de escalão? Nem quero sequer imaginar a proposta de quem tem factor C!
Mas onde está a justiça e o enquadramento profissional de cada um?
Eu estou a sofrer represálias a nível de categoria profissional por ter usado um direito meu segundo o código de trabalho? Será que vou receber represálias por divulgar o meu testemunho?
Assim se fazem as grandes empresas e se gastam milhões em publicidades ….
Gostava também de dizer que a nível de segurança as instalações da empresa em questão são deficientes, não existem extintores; sinalizações de emergência, nunca foi feito nenhum simulacro (ao contrário do que nos pedem para dizer quando vão lá para certificar o call center). Uma vergonha…que pelos vistos a Lei permite. E Nós? Vamos permitir até quando? »
279 ETT’s = dezenas de milhar de precários
I. Randstad – a maior ETT do país
II. Tempo Team – um apêndice da Randstad
III. Adecco – Mais de 5 mil precários
IV. Flexilabor – Mais de 1/3 são telecomunicações
V. Flexitemp – tal como as outras ETT’s, não gera emprego
VI. Manpower – o “moderno” traço da precariedade
VII. Kelly Services – a descarada ilegalidade do trabalho temporário
Outros testemunhos:
Trabalhador da Tempo Team (telecomunicações 1)
Telecomunicações 2
Mais um nas telecomunicações 3