Testemunho: arbitrariedades na Tempo Team, a trabalhar para a PT Contact

Trabalhar através de uma empresa de trabalho temporário significa quase sempre não ter sequer direito aos poucos direitos que devíamos. Já sabemos: a precariedade é garantida e a subtracção no salário também (sim, as empresas de trabalho temporário ficam com metade do salário do trabalhador, apesar de fazer pouco mais do que redigir os contratos e procederem aos pagamentos – há negócios assim…). Mas há mais, muito mais. Chegou-nos um testemunho (anónimo, por razões óbvias) que descreve as arbitrariedades, em prejuízo claro do trabalhador, praticadas na Tempo Team ao serviço da PT Contact. Partilhamos aqui o testemunho (na íntegra, em “ler mais”), que revela o que pode acontecer quando os fabulosos mundos das ETTs e dos call centers se juntam na vida de um precário ou de uma precária. É que, como já tínhamos dito aqui, trabalhar para a Tempo Team é bem menos apaixonante do que os seus vídeos promocionais gostam de mostrar.
Trabalhar para uma empresa de trabalho temporário significa, na prática, trabalhar para enriquecer dois patrões.
 
Quando comecei a trabalhar para a Tempo Team (que, por sua vez, trabalha para a PT Contact), tinha ideia mais ou menos do que me esperava. No entanto, tive algumas supresas, entre elas ficar a trabalhar sensivelmente 2 meses antes de receber algum dinheiro.
Dois contratos de formação sucessivos, perfazendo 1 mês e meio, sem direito a seguro de acidentes de  trabalho (pagos pelo trabalhador, se assim quisesse, com recibo passado no nome da ETT). Mais 15 dias para receber o segundo período de formação e completamos os 2 meses sem receber.


O primeiro período de formação é pago no final do primeiro mês de contrato. Mais um adiamento do justo pagamento do trabalho que, efectivamente, foi feito durante todo esse tempo.


Mais, a empresa contrata dezenas de formandos e, mais tarde, tem excesso de trabalhadores. Que faz? Manda para casa os que estão a mais, alegando que a inactividade no sistema reduz os registos de  produtividade. O trabalhador, que está presente no seu posto de trabalho, é mandado para casa contra sua vontade e tem de, noutra altura, compensar aquelas horas, sob pena de contarem como falta. Lógica? Nenhuma.

No meio de tudo isto, a ETT já facturou pelo contrato com a PT Contact e a PT Contact já facturou devido ao trabalho efectivo que os supostos formandos realizaram.


No fim, quem recebe mais tarde é quem já trabalhou. Tudo isto na legalidade dos estatutos das ETT e na legalidade de se trabalhar para recolher uns míseros trocos no final do mês.
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