Testemunho de Trabalhador Temporário – Telecomunicações

Divulgamos aqui a denúncia de um trabalhador precário de uma das maiores empresas de telecomunicações do país que, a par com muitos dos seus colegas, trabalha mediado por uma empresa de trabalho temporário. Apesar da legislação ser altamente desfavorável ao trabalhador temporário, ainda se move muitas vezes pelos caminhos da ilegalidade, roubando direitos e parte do seu salário:
Todas as lojas oficiais e de certeza, a maioria dos agentes autorizados têm lá dentro trabalhadores temporários, excepto 1 ou 2 lojas no Porto e Lisboa que têm o resto dos funcionários mais antigos, que esses têm contrato com a empresa.
Para ser mais fácil vou explicar, digamos por hierarquia:
A – Existem, em algumas lojas, trabalhadores não temporários, que têm direito a seguro de saúde, regalias em ginásios, entre outros e, para além disso ganham acima de 1000 Euros mensais base mais as comissões e incentivos de vendas, realçando que são Assistentes de Loja, como os outros!

B – Trabalhadores temporários com contrato a termo incerto, tal como eu, ganhando 600 Euros base. Há anos que não fazem actualização salarial, mais comissões e incentivos de vendas;

C – Depois existe o trabalhador temporário com contrato a prazo e renovável até 12 meses. Ganha 600 Euros base e não tem comissões, e faz exactamente o mesmo e trabalha ao lado de quem ganha comissões e tem objectivos de vendas comos os outros, de rir! Este trabalhador, com sorte, poderá passar para a situação descrita anteriormente, em B;

D – Depois existem os reforços de Inverno ou Verão ou férias, que vão fazendo reforços, têm os mesmos direitos que os trabalhadores temporários referidos em C. Com sorte, passado 1 ou 2 anos deixam de suprimir as necessidades de Verão para passar a responder a necessidades permanentes mantendo as condições referidas em C, e quem sabe com muita sorte passado um ano passam para a situação B, mas só ganham comissões passado outro ano;

E – Depois temos os Gerentes, não tenho a certeza, mas creio que o ordenado base deles são 725 ou 750 euros mensais base, mais comissões e incentivos e são também outsourcing.

O que está acontecer de mais “grave” no meio disto tudo, é que nas lojas da empresa parte particulares, a maioria já é trabalhador temporário em situação C e 1 ou 2 em B, que são os mais velhos. Estas pessoas trabalham de segunda a sábado muitas das vezes, têm objectivos de vendas ( são obrigados atingir esses objectivos) e não ganham nem mais um euro que seja por isso, enquanto que o seu colega ao lado ganha provavelmente mais 200 ou 300 euros /mês se atingir os objectivos que são iguais para os dois. Isto é verdadeiramente inadmissível!

Como este exemplo, provavelmente existem muitos mais, mas temos de os denunciar.”

O testemunho aqui exposto é anónimo e não divulgou o nome da empresa. Todos sabemos porquê.

O trabalho temporário representa assim um contingente de mão de obra barata, mais de 200 mil trabalhadores, sem direitos e altamente chantageados. Não há dúvidas que o trabalho temporário, a par com os recibos verdes e com os eternos contratos a prazo, é PRECÁRIO. Ainda tem dúvidas Srª. Ministra?

Facebooktwitterredditlinkedintumblrmailby feather