Testemunho: "Ofertas" de trabalho com salários ilegais
Recebemos mais um testemunho que comprova a impunidade e abertura com que as entidades patronais abordam quem está desesperado por não ter emprego. A lei da selva aplica-se hoje proposta a proposta, chantagem a chantagem, desempregado a desempregado, tudo em nome da liberdade de uma economia que exclui pessoas para integrar lucros e remunerações principescas para alguns.
O testemunho foi recebido via http://memoriasdesempregadas.blogspot.com/ :
“Hoje recebi um telefonema insólito. No mínimo! Está relacionado com a resposta a um anúncio de emprego, ao qual respondi. Ligaram-me, interessados nos meus préstimos profissionais. Porém, antes de ser marcada qualquer entrevista, mencionaram o ordenado que estavam a pensar oferecer. Nada mais, nada menos que 250 euros, por mês, a tempo inteiro, com a particularidade de fazer horas extra e não raras vezes trabalhar também ao sábado e/ou domingo.
Recusei, como é óbvio, argumentando e fundamentando o porquê. Nem seria necessário, mas salientei o facto de 250 euros dar para a alimentação, deslocação e pouco mais. Compreenderam e “amigos na mesma”. Inesperadamente, cerca de 3 horas depois, eis que me ligam com nova proposta. Tentadora demais! Então, propunham ir trabalhar durante um mês à experiência por 300 euros. Depois, logo se veria… Insólito!
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Recusei, como é óbvio, argumentando e fundamentando o porquê. Nem seria necessário, mas salientei o facto de 250 euros dar para a alimentação, deslocação e pouco mais. Compreenderam e “amigos na mesma”. Inesperadamente, cerca de 3 horas depois, eis que me ligam com nova proposta. Tentadora demais! Então, propunham ir trabalhar durante um mês à experiência por 300 euros. Depois, logo se veria… Insólito!
O que é isto? O pior é que existem pessoas que aceitam, contribuindo, dessa forma, para diminuir ainda mais os nossos direitos enquanto trabalhadores. Coitados, querem trabalhar, mas se se impusessem isto não teria chegado a este ponto. Gozam à cara podre com o nosso rosto! Sem dúvida… “
Infelizmente quem precisa de trabalho tem que se sujeitar, não é?Ou vamos viver de quê???No meu caso, depois do estágio profissional, depois de um programa ocupacional, de horas de voluntariado e de promessas de que seria possível celebrar o contrato de trabalho…fui para o desemprego!Agora tenho 26 anos e estou a trabalhar na recepção de um ginásio (escusado será dizer com uma licenciatura) a falsos recibos verdes. Para piorar só vemos as contas a subir e estou grávida. Não tenho assim qualquer direito de maternidade e pior…agora trabalho num horário muito pior. E como preciso do dinheiro, penso na minha filha, vou estar nesta situação até à hora do parto…ou o máximo que puder aguentar.