Testemunho: os falsos recibos verdes e o peso da dívida injusta à Segurança Social

A petição “Antes da Dívida Temos Direitos” continua a sua mobilização pelos direitos dos trabalhadores a recibos verdes e na defesa da Segurança Social para todos. Além do crescente número de assinaturas e do entusiasmo que sentimos todos os dias no contacto com muitas pessoas na rua, através desta iniciativa tem sido possível conhecer ainda mais histórias da injustiça desta dívida e do peso que significa viver amarrado aos falsos recibos verdes. Partilhamos aqui um testemunho que nos chegou através da petição, tristemente esclarecedor, até pela dificuldade em conhecer as regras e as burocracias que enovelam esta injustiça:

«Sou licenciada em Cardiopneumologia. Desde de Julho de 2005 que trabalho ou seja trabalhava na empresa “Clínica UNIMED” que foi à falência. Nessa Clínica Unimed Entrecampos como referi trabalhei desde Julho de 2005 e falsos Recibos Verdes uma vez que trabalhei sempre lá, fazendo exames médicos, sempre com o mesmo horário e neste período de tempo com o mesmo salário.

Agora a que a clínica foi à falência eu e os meus colegas com recibo verde, ficamos sem nada…nem indemnização, nem subsidio de desemprego…. Também tenho uma divida à segurança social, uma vez que não consigo com as despesas e com aquilo que ganhava não dava para pagar.

Eu quando me inscrevi na Segurança Social (SS) fiquei um ano isenta de pagamento, como todas as pessoas, no ano seguinte como não recebia informação de pagamento e mesmo pondo o meu nº da SS no multibanco não dava nenhuma informação, dirigi-me à SS do Areeiro e lá a funcionaria disse que não constava o meu nome…diziam que não estava inscrita, isto depois de enviarem 2 vezes os papéis (uma delas dizendo Urgente) da SS de Lisboa para SS de Setúbal uma vez que a minha área de residência pertence a Setúbal, para me inscreverem.

Passado uns tempos como não tinha informação para o pagamento, a minha mãe conseguiu telefonar directamente para a SS de Setúbal e expus a situação, quando o espanto dela que responderam que tinham os papéis à frente e que iam já me inscrever. Depois decidi ir à SS de Setúbal e falei directamente com a responsável e disse-lhe que pagava o ano que passou de contribuições, mas que não pagava os juros pois eles é que demoram quase um ano para me inscrever. Resposta da funcionaria foi ” que tinha que pagar os juros, porque elas não tem culpa, tem muito trabalho e não conseguem inscrever as pessoas a tempo e que eu devia ter telefonado mais cedo para exigir a minha inscrição…” e eu a pensar que bastava dirigir-me a SS e entregar os papeis… mas não, também temos que telefonar para a SS e exigir que façam o trabalho…

Outra situação a pessoa quando compra casa e se tem divida à SS não pode pedir isenção do IMI, ou seja mais uma despesa anual.

Peço o meu anonimato, mas tinha que transmitir esta situação, pois existe sempre uma revolta, estou em casa sem subsidio de desemprego com uma filha de 10 meses, trabalhei para uma empresa mais de 4 anos e a pessoa não vê nada, continuam a deixar as empresas ir assim à falência com bastante trabalho… A pessoa enquanto trabalha não refere nada porque facilmente nos mandam embora.»

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