Testemunho :: Precariedade na Kelly Services e na PT

Divulgamos de seguida o primeiro testemunho de precariedade de uma trilogia de experiências vividas por um trabalhador de call center mediado pela  Kelly Services, uma Empresa de Trabalho Temporário, já abordada nesta campanha e alvo de outros testemunhos.
« Agência de escravos – Parte I

Foi através dos Serviços da Kelly que conheci de perto o trabalho num call center, mais concretamente no call center da PT, sediado nas Laranjeiras.

Fui aceite após uma dinâmica de grupo, no escritório da Kelly no Saldanha, onde consiste basicamente em ler um texto sobre este tipo de trabalho e bem como o universo de pessoas que emprega, e preencher uma ficha de dados.  Por conseguinte, fui a uma entrevista e dinâmica de grupo, já no próprio edifício da PT.
Frequentei a formação e efectuei o teste para poder passar à formação On-Job.
A formação On-Job são cerca de duas semanas.
Os formandos quando iniciam a formação On-Job começam por atender em 3ª Liga, cujo objectivo principal é vender Bandas Largas Móveis e Family Box, para além de prestar os esclarecimentos que conseguirmos ao cliente em linha.
Torna-se claro desde inicio que somos só mais um naquele jogo de interesses.
Se observamos atentamente vemos que quando iniciamos o período On –Job já existe mais uma “fornada” de pessoas a terem a 1ª fase da formação.
Quando terminamos a fase On-Job entram outros para fazer a mesma fase, logo a seguir.
Após esta fase assinamos ou não contrato, mediante a avaliação efectuada pelo supervisor.
Assinei o mítico contrato de 15 dias, com direito a ir para a rua sem justa causa, devido ao período experimental. Ao fim de 5 dias e após duas horas de trabalho fui despedido, gentilmente, pelo que me deram a possibilidade de ir à agência para procurar trabalho ou permanecer no local. Fui à agência, onde me explicaram que era legal este despedimento. Passado umas horas recebo uma chama a dizer que abandonei o local de trabalho e que podia ir trabalhar no dia seguinte, como se nada passasse. Parece que houve um equívoco qualquer e o belíssimo departamento jurídico dos serviços da Kelly, reparou!
Compareci nos dias seguintes até ao término do contrato.
Desde o dia da assinatura do contrato até ao dia do despedimento  nunca o supervisor me disse nada sobre o número de vendas efectuado; nunca fui informado sobre como utilizar o programa que contabiliza o tempo, que trabalhamos, efectuamos pausa..e.t.c.
Isto não passa de um esquema camuflado onde se paga menos que o ordenado mínimo nacional, e se tem mão-de-obra quase a custo zero, todas as semanas.
Nos anúncios colocados pelas Agências de Trabalho (Escravo) afirmam que existe um carregamento de 25 euros em telemóveis, outra mentira, visto a própria agência ter o descaramento de dizer que não tem nada a ver com isso, que a PT só dá se lhe apetecer.
O Sr. Dr. Zeinal Bava (“Competente, inteligente, metódico, organizado, mas também maquiavélico e dono de uma enorme ambição”) também devia experimentar trabalhar no call center  e ganhar a respectiva remuneração que a PT oferece às pessoas que dão a cara ou a voz pela empresa que gere! »
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