Testemunho :: precariedade na Kelly Services e no Grupo BES
Desde já queria-vos agradecer o facto de estarem a denunciar o negócio sujo das Empresas de Trabalho Temporário. É mesmo irónico, têm direito a roubar 50% do salário só porque sim. Hoje fala-se muito dos falsos recibos verdes, e possivelmente eles vão acabar. Mas já sabemos que eles não cessam uma forma de roubo, sem que antes não tenham já inventado outra. Acho que as ETT’s é já neste momento a melhor forma de roubar trabalhadores. Fica o desafio: Querem abrir uma ETT comigo? Não deve ser difícil, com um bocado de sorte ficariamos com metade do salário do Ricardo Salgado, Fernando Ulrich, Américo Amorim, Belmiro de Azevedo, e de todos esses ladrões que hoje mandam no nosso governo.
Não pude deixar de reparar no post que fizeram sobre a Kelly Services, ETT através da qual eu estou contratado, e como tal queria também deixar o meu testemunho.
Por isso custa-me ver a hipocrisia do presidente da CIP, António Saraiva, ou do ex-presidente Francisco Vanzeller, quando usam as empresas têxteis do Vale do Ave e as restantes PME’s como arma de arremesso nas negociações com o Governo para justificar o congelamento do salário mínimo nacional. A agenda deste senhores é outra, eles estão ali não para defender as PME’s, mas sim para defender os grandes grupos económicos que beneficiam em larga escala de um salário mínimo abaixo do limiar de sobrevivência. A CIP bem pode continuar a organizar colóquios sobre ética empresarial, nada lhes limpará a imagem de bandidos, que é o que são.
É também difícil juntar pessoas, porque trabalham naquele callcenter pessoas com objectivos diversificados, desde o puto que quer o bilhete para o festival de verão, até à mãe com dois filhos que deita as mãos à cabeça porque já não sabe como pagar as contas, e porque se calhar também já gostaria de estar a fazer um trabalho intelectualmente mais estimulante. Além disso ainda temos muita gente conformada, e que acha que aquilo é uma situação normal, juntando ao facto de haver poucas perspectivas de luta. Mas com o tempo havemos de dar a volta…
Há uns dias vocês publicaram um testemunho sobre as formações não remuneradas na PT. Aproveito para informar que na Contact Center a situação é igual. As pessoas vêm fazer uma semana de formação, e se não ficarem aprovadas não recebem nada. Basicamente trabalham de graça durante uma semana.
Edifício do BES onde ilegalmente muitos trabalhadores temporários prestam serviços permanentes – situação ilegal! |
Trabalho há 2 anos na Contact Center sempre em regime de trabalho temporário, o que obviamente é ilegal, mas eles usam o estratagema de uma vez por ano mandarem as pessoas para casa, e passado um mês voltam a contratá-las. Mas há uma dúvida que tenho, não é completamente descarado a Kelly Services ter uma agência dentro do próprio edifício da Contact Center?
Isto é legal? [relembramos que a mesma ETT tem também uma agência exclusiva para a PT] É que assumem às claras que recorrem ao regime de trabalho temporário para assegurar necessidades permanentes.
Para escrever este testemunho estive a reler o meu contrato de trabalho e encontrei uma coisas engraçadas. A alínea a) do nº2 do Artigo 186.º do Código do Trabalho obriga a que a empresa utilizadora (E. S. Contact Center) comunique à Empresa de Trabalho Temporário (Kelly Services) “Os resultados da avaliação dos riscos para segurança e saúde do trabalhador temporário inerentes ao posto de trabalho a que vai ser afecto(…)” No caso da E. S. Contact Center os riscos comunicados foram: “Fadiga visual; fadiga geral; irritação das vias respiratórias e pele; lesões musculo-esqueléticas por manutenção prolongada de postura; stress auditivo; stress-ansiedade; irritabilidade; dificuldade em dormir.” Desde logo é clara a contradição: O trabalhador fica exposto a variados riscos para a sua saúde, mas em troca, recebe apenas o salário mínimo nacional.
É também curioso que numa altura em que tanto se fala de protecção de dados pessoais, a Kelly Services coloca nos contratos uma clausula em como pode vender os nossos dados pessoais a outras empresas. O que é que o trabalhador ganha com isso? Salário mínimo nacional. O que é que a Comissão de Protecção de dados tem a dizer sobre isto? Nada.
279 ETT’s = dezenas de milhar de precários
I. Randstad – a maior ETT do país
II. Tempo Team – um apêndice da Randstad
III. Adecco – Mais de 5 mil precários
IV. Flexilabor – Mais de 1/3 são telecomunicações
V. Flexitemp – tal como as outras ETT’s, não gera emprego
VI. Manpower – o “moderno” traço da precariedade
VII. Kelly Services – a descarada ilegalidade do trabalho temporário
Outros testemunhos:
Trabalhador da Tempo Team (telecomunicações 1)
Telecomunicações 2
Mais um nas telecomunicações 3
Essas firmas sao firmas de escravidao moderna …tambem as a aos montes na Alemanha ,onde eu proprio vivo ,tais firmas sao absulutamente contra produtivas para os trabalhadores Mas sim um grande negocio Sujo para as empresas que a essas firmas contratao.Tambem aqui as diferencas dos ordenados e enorme entre tais firmas e de empregados fixos…logo muitas empresas vao contrarar essa firmas para nao pagarem tamto aos empregados ,logo nao a contratos fixos , podendo tambem a qualquer momentos despedilos com uma mao atras e outra a frente…O pior disto tudo e que o Estado ainda Apoia tais firmas de ladroes…Aqui ja a Muita polemica a cerca dessas firmas e querem mudar os ordenados ao ponto de estarem ao mesmo nivel de um trabalhador NORMAL,SENDO ASSIM NAO TENHO QUASE NADA CONTRA …SO FALTA E DEPOIS SABER ONDE FICA A SEGURANCA DO POSTO DE TRABALHO…