Todos ao cinema em São Bento! :: CENA
Via CENA
«Tendo em conta o estado actual do Cinema português, que apesar de continuar a ser reconhecido no estrangeiro continua a não ser apoiado pelo nosso Governo, um grupo de organizações e pessoas ligadas ao sector, decidiram tomar a iniciativa de marcar uma acção de protesto em forma de sessão de cinema.
Será na próxima quarta feira, pelas 21h em frente à Assembleia da República.
Aqui fica um pequeno texto criado por esta “plataforma”:
TODOS AO CINEMA EM SÃO BENTO!
Porque um país sem cultura não tem futuro
Porque um país sem cinema não tem memória
Para todos os que se recusam a assistir passivamente ao seu extermínio,
vamos projectar, ao ar livre, mais de 100 anos de cinema português.
Pela aprovação da nova lei do cinema!
Todos a S. Bento!
9 de Maio, 4ªf, 21h
Entrada livre»
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Notícia Público aqui.
“É conhecida a célebre fórmula final de «Esquisse d'une Psychologie du Cinéma», de André Malraux: «De resto, o cinema é uma indústria.» O que é para Malraux, aparentemente, a verificação de uma evidência, torna-se no espírito de alguns, a afirmação de um vício redibitório.
Evidentemente que o cinema é uma indústria, mas concordar-se-á que a construção das catedrais foi quase também, materialmente falando, uma indústria pela vastidão dos meios técnicos, financeiros e humanos que exigiu e tal facto não impediu a ascensão destes monumentos no sentido da beleza. Mais do que o seu carácter industrial é o carácter comercial que constitui um grave inconveniente para o cinema, pois a importância dos investimentos de que necessita torna-o tributário das forças económicas para as quais a única regra de acção é a rentabilidade e que acreditam poder falar em nome do gosto do público, em virtude de uma hipotética lei de oferta e procura, cujo jogo é falseado na medida em que a oferta influencia a procura a seu belo prazer. Resumindo, se o facto de ser uma indústria pesa gravemente sobre o cinema, as implicações morais deste conceito de indústria, mais do que as materiais, é que são responsáveis por isso.
Felizmente que tal facto não impede a sua instauração estética e que, na sua vida ainda curta, o cinema produziu suficientes obras-primas para que se possa afirmar que é uma arte, uma arte que conquistou os seus meios específicos de expressão, e que está totalmente livre das influências das outras artes (em especial do teatro), para desenvolver as suas possibilidades próprias em plena autonomia.”
páginas 18 e 21 de Le Langage Cinématographique de Marcel Martin (edições 1955, revisões de 1985 e 2011) Tradução de Lauro António e Maria Eduarda Colares Editora DinaLivro (Dezembro de 2005)