Toto-estágios-loto

No meio de tantos PECs, ratings, IRS, austeridades e afins, tem estado a ocorrer, há já uns meses, um PEPAC (Programa de Estágios Profissionais para a Administração Central), em que são “sorteados” 5000 estágios na administração pública. Foi uma medida aprovada no final do ano passado pelo Governo, com o intuito de baixar o desemprego, é um programa direccionado para os desempregados e pessoas à procura do 1º emprego.

Houve 24 967 candidaturas a este programa, um número que por si só é revelador da situação do país, uma vez que houve 5x mais candidaturas do que vagas existentes. Eles próprios foram apanhados de surpresa, pois não tinham, nem têm, capacidade para atender tantos candidatos.
Agora, analisando bem as coisas, é intrigante como é que este programa de estágios elaborado para combater o desemprego, o vai combater efectivamente, se se tratam de estágios de apenas 1 ano e não prorrogáveis. Pondo de parte a boa vontade do Governo, até fica a ideia que se trata dum programa elaborado para futuras campanhas eleitorais, até já se ouvem slogans como “lembram-se daquele annus horribilus de 2010, aquele dos PECs e ratings? Lembram-se? Fomos nós que tomamos medidas para baixar o desemprego com oferta de 5000 estágios para a administração pública!!
Espero que os Governos deste País tenham consciência que criar emprego não é oferecer um estágio a alguém durante 1 ano, e após o final deste o retirar de novo, para muito provavelmente se assistir a uma 2º edição do PEPAC em 2011, para outros 5000 candidatos esperançosos ao prémio final, ou seja, substituindo o que deveria ser pessoas com contratos permanentes de trabalho por eternos estagiários.
Outra questão da maior importância, tem a ver com a burocracia do planeamento da validação das candidaturas dos candidatos, pois por incrivel que pareça, estes Senhores burocratas conseguem complicar o que é simples! É evidente que quem planeou a selecção e validação dos candidatos não está minimamente informado sobre a realidade profissional do país, nem sobre o processo de Bolonha que ocorreu há já 3/4 anos em Portugal (devem pensar que é apenas uma terreola em Itália). A forma de validar e seleccionar os candidatos, foi feito por dois critérios: por licenciatura e por áreas de estudo; não percebo o porquê desta diferenciação e o porquê destes dois campos no plano de candidatura, se o plano de estudos nem corresponde a uma especialização da licenciatura, e como se tem verificado, tem levado muitos candidatos a serem seleccionados para áreas que não têm nada a ver com a sua candidatura e planos de estudos. Porque eles também acreditam na boa-fé dos candidatos, nem pedem os CVs respectivos neste processo, o que tem levado muitos candidatos a aceitar ofertas de estágio em áreas que não se enquadram na sua licenciatura, diminuíndo assim a oferta de estágios para os outros “esperançosos”!!
Talvez seja mais adequado para a 2ª edição do PEPAC em 2011, disponibilizarem uma sala com uma mesa grande, deitarem as candidaturas ao ar, as que caírem em cima da mesa são os candidatos que entram, as que caírem no chão paciência, em 2012 haverá concerteza uma 3ª edição, e assim poupam tempo e paciência aos “concorrentes ao prémio final”.

Fernando Felizes

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