TRABALHADORES-ESTUDANTES, O PIOR DE DOIS MUNDOS


Um em cada cinco estudantes do ensino superior é também trabalhador (dados aqui). A precariedade generalizada dos seus vínculos laborais é pintada pelos patrões como oportunidade para um “complemento” – quase uma bolsa de estudos…



De facto, os trabalhadores-estudantes contam pouco. Se a lei de 1981 já não era cumprida por parte de empresas, o Código de Trabalho de Bagão Félix (2002) veio roubar direitos. Foi cortada a dispensa para provas de avaliação, excluíram-se os “falsos recibos verdes”, permitiu-se que, quando não haja acordo, o empregador decida unilateralmente os direitos a conceder. Pior: muitos dos prémios que infestam as folhas de salário dos precários estão condicionados à assiduidade, o que introduz uma penalização suplementar dos trabalhadores-estudantes. Do lado das faculdades, faltam docentes para tutoria individualizada e épocas especiais de exames, faltam cursos nocturnos e em muitas áreas de interesse, há serviços escolares que encerram às 16h30.



Enfrentando as despesas de subsistência e os custos do ensino (agravados por Bolonha), os trabalhadores-estudantes vêem a sua autonomia individual duplamente negada. Vivendo o pior de dois mundos – a precariedade do emprego e a crise do ensino público – os trabalhadores-estudantes têm grandes credenciais para a luta!

Facebooktwitterredditlinkedintumblrmailby feather