Tratado Transatlântico: Precários em Bruxelas para reunião internacional

Continua a batalha contra a imposição do Tratado Transatlântico de Comércio e Investimento. De um lado, milhares de lobbyistas dos sectores financeiros e das maiores empresas, do outro, a sociedade civil, bastante alerta acerca dos pressupostos do tratado, que não são mais do que o regresso da agenda da Organização Mundial do Comércio, derrubada em 1999 em Seattle. Os Precários Inflexíveis, na Plataforma Não ao Tratado Transatlântico, estão em Bruxelas a participar numa reunião internacional de articulação das campanhas contra o tratado.

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Esta manhã começa a reunião que reúne organizações e movimentos sociais de toda a União Europeia e também dos Estados Unidos para articular as campanhas nacionais contra o Tratado Transatlântico TTIP. Os primeiros debates têm decorrido à volta da desregulação do sector financeiro.

Depois de um primeiro momento, em que após a crise de 2008 (tal como na Grande Depressão em 1929) houve uma pressão para a reforma da actividade financeira. Sabemos bem que quem pagou essa crise foram os orçamentos públicos e, consequentemente, as populações. É esse o pai da austeridade. Hoje, a banca e a finança ensaiam o seu grande regresso, através, entre outros, do TTIP.

As bastante modestas reformas introduzidas pela União Europeia, nomeadamente a necessidade de aumentar as reservas de capitais da banca, podem hoje estar em causa, quando o Tratado Transatlântico prevê que a competitividade tem de beneficiar lucros e investimentos e a regra que gera menos obstruções a estes objectivos é a que deverá vigorar, se o tratado for implementado com o apoio do exército de lobbyistas contratado para o efeito.

Hoje sabe-se que o crescimento da finança é mau para o crescimento real das economias. Além disso, apenas 28% de toda a actividade da banca a nível mundial não é ligada ao sector financeira, isto é, mais de 70% da actividade da banca é especulação.

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A banca, que não pára de especular, não pára assim de crescer, tendo na Europa os 15 maiores bancos triplicado o seu volume entre 2000 e 2011, apesar da maior crise financeira em 90 anos. Hoje, 43% de todos os activos da banca europeia equivalem a 150% do PIB de toda a União Europeia (Finance Watch). E a escolha da banca é simples: como é muito mais lucrativo inventar derivativos e pacotes puramente especulativos do que investir na economia que realmente produza alguma coisa, escolhe a especulação. É também por isso que não há nenhuma bazuca que Mario Draghi possa lançar que signifique o que quer que seja para os cidadãos ou a economia.

O TTIP é o novo passo para a desregulamentação e para continuar e expandir a orgia de saque e especulação, continuando a destruir os países e as economias para alimentar a banca e a finança. Naturalmente que os políticos associados aos interesses da banca e da finança, como Vital Moreira do PS e Bruno Maçães, secretário de Estado do PSD, apoiam este tratado. Mas mais importante do que a desregulamentação financeira, que é grave, o TTIP preconiza impedir futuras regulações financeiras, que teriam não só que contar com o acordo dos governos europeus e americano, como também das grandes empresas financeiras dos dois lados do Atlântico.

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