Uma morte injustificável
Aqui assinalámos, como não poderia deixar de ser, a nossa perplexidade e repúdio pela morte do MC Snake, o Nuno Rodrigues, bem como a nossa solidariedade com os amigos e familiares. Sim, nestes momentos difíceis não estão sós: na blogosfera e um pouco por todo o lado não se ouve apenas um certo tipo de senso comum ou o preconceito escondido com o rabo de fora.
Porque queremos sublinhar a nossa posição, voltamos ao assunto. Porque queremos afirmar que a violência não pode ser um quotidiano aceitável, justificado com outras violências, repetimos o espanto e a indignação. Não, a morte não pode ser normal, muito menos por não parar numa operação stop.
Falámos, porque tínhamos que falar, do quotidiano de violências vivido nas zonas de exclusão social e geográfica em meio urbano: falamos porque procuramos conhecer esses bairros e dialogamos com muitas das pessoas que neles vivem e lutam, nas suas associações e colectivos, por outra vida; falamos porque sabemos que ali a perspectiva sempre foi a precariedade. Ou, melhor, as precariedades.
Tendo em conta a polémica em torno do post anterior, aproveitamos ainda para partilhar uma notícia da TVI24, em que se divulgam fontes policiais com mais dúvidas do que muitos julgamentos apressados. Para lá de outras especulações, sublinhamos apenas o essencial (que é, no fundo, apenas sensatez): Nos casos de fuga a uma operação policial, o procedimento habitual é o de recolher de imediato as características do veículo, a matrícula e enviar a informação à central que depois emite às restantes patrulhas, de modo a que o suspeito em fuga possa ser interceptado noutro local ou para que o caso passe para as brigadas de investigação criminal. «As perseguições acontecem quando existem mandatos de captura ou existe perigo para a vida dos agentes ou de terceiros», explicou a mesma fonte.
Aqui não se julga ninguém em praça pública. Esperamos pelos resultados do inquérito e só exigimos, como é normal, todos os pormenores sobre as circunstâncias desta lamentável morte. Mas não nos peçam para calar a nossa indignação, porque estamos fartos e fartas de ver que há balas que nunca acertam nos pneus. Mais uma prova de que nunca deveriam ser disparadas.
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Bom dia.
Claro que uma morte é sempre uma morte, e por mais que se fale e discuta será sempre difícil explicar a MORTE.
Agora a frio é lógico que o tiro fatal é/era dispensável.
Mas quem se quererá colocar neste momento na pele do agente policia??
Ja li muita coisa uns crucificam o agente outros querem condecora-lo!!!
Acho que não devemos estar nem de um lado nem do outro, pois extremismos nunca bom resultado.
Na minha opinião deixe-mos trabalhar a investigação e depois sim pudemos falar.
Sendo que na minha modesta opinião neste caso existiu uma fuga do MC Snake vá se lá saber porquê, e depois uma grave precipitação do agente que efectuou o disparo e ponho as minhas duvidas que realmente quisesse matar…
Bom dia,
Também já li muita opinião, maioritariamente julgando. Curiosa e infelizmente, a maioria apenas acha que se não parou é porque devia alguma coisa. O comentário anónimo diz isso mesmo:”Sendo que na minha modesta opinião neste caso existiu uma fuga do MC Snake vá se lá saber porquê”, ou seja, diz que não podemos julgar, mas a verdade é que “quem não deve não teme”. Pois permitam-me dizer o seguinte: existe racismo e discriminação social e POLICIAL em Portugal, sim. O preto do bairro social não precisa dever nada para temer.Não sei como, mas a maioria da sociedade fecha sistematicamente os olhos a esta realidade, apesar da mesma ultrapassar a mera opinião pessoal: há estudos internacionais que o comprovam.
Não sei se este era o caso desta última vitima, e nem tão me importa porque a única coisa que legitima o disparo policial,é se a outra parte estava armada e se disparou ou ameaçou primeiro, o que segundo fontes policiais NÃO ACONTECEU. Logo, é homicidio sem qualquer duvida.
Conforme houve este homicidio, tem havido muitos outros, e sempre sob a protecção da farda a pessoas doutras étnias, no nosso país, é ser ver os dados. São maioritariamente ciganos e descendentes de africanos.E ficam impunes.
Neste caso, era um rap, que não sendo coincidência apenas porque não acredito nela, escrevia letras musicais acerca da diiscriminação social e racial. Por isso, e apenas por isso, se está a falar tanto neste caso. E ainda bem.
À familia do Nuno:
os meus sentidos pêsames. O Nuno,fez uma escolha, anos atrás, de escrever letras acerca da injustiça social em que cresceu. Fez deste alerta a sua missão de vida. Morreu a executar esta mesma missão, porque a sua morte é um grito de alerta social enorme. Morreu como viveu. E estas mortes, mesmo que não se faça a justiça dos homens, abana consciências que foi sempre o que o Nuno tentou fazer.Motivo para que todos se orgulhem dele.
Paz à sua alma, que acredito ficará em paz.
Como cidadã,apesar de nunca ter vivido num bairro social,gostaria de que nos unissemos, enquanto pove, enquanto nação, numa qualquer manifestação contra a precariedade de trabalho nas pessoas de bairros sociais, contra as condições de vida que facilmente leva ao abandono escolar e consequente falta trabalho=criminalidade, contra a desigualdade social que é tão, mas tão desigual que pessoas chegam a ser punidas com a morte. Enquanto nação, não podemos continuar a aceitar. Eu alinho numa manifestação que se pode organizar.
Esqueci-me deassinar no comentári anterior, chamo-me Maria de Lurdes Almeida.
Mas estamos a brincar?Eu moro perto de um bairro social e sei como é,se ele consegui-se fugiu era um herói,como não conseguiu é um coitadinho para mim é assunto arrumado….
olha..mais um que acha que matar por não parar num stop é legitimo. E “conseguisse” é com dois “ésses”.
Se vive perto dum bairro social, abra os olhos e veja as coisas como são, tem oportunidade para isso.
Carlos Lopes
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Encontrei este blog por andar a fazer pesquisa em relação a esta morte lamentável!!
É verdade, em muitos sítios já li comentários do mais despresivel que há… Tantas são as pessoas que falam sem saber o que é a realidade dos bairros sociais!!
Não morei num, mas vivia perto e estudava dentro desse mesmo bairro! Sei qual é a realidade das pessoas de lá, o que custa sobreviver, porque não lhes dão o direito de viver, porque são discriminados e catalogados como pessoas da pior espécie…
Concordo quando dizem que havia de se fazer uma manifestação… Se algum dia houver alguma estou lá de certeza!!
Em relação à noticia da tvi24, eu já fugi, e não me mataram nem vieram atrás de mim, fizeram sim um reconhecimento do carro, e mais tarde tive as consequências, tal como explicou essa fonte…
Aqueles que realmente deviam ser punidos são aqueles que realmente cometem crimes gravíssimos e que muitas vezes saem impunes…
Espero que haja justiça neste caso, porque a verdade morreu com o Nuno…
Descansa em paz!!
Força a toda a familia e amigos por esta perda… os meus mais sinceros sentimentos…
Telma Marques
p.s- ainda bem que há um blog que foque a precariedade dos nossos bairros sociais, talvez desta maneira as pessoas se unam, pode ser que alguma coisa mude neles, e para melhor!!