Vaga de propaganda nos media
Nos últimos dias assistimos a uma vaga de propaganda do Governo a ser distribuída pelos media. O ataque aos serviços públicos essenciais resulta no fecho de 1079 escolas primárias. Este dado é concreto, já existiu uma comunicação do Ministério da Educação à Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e várias autarquias tentam à revelia manter as escolas abertas. O Governo já disse que não nomeará professores para essas escolas. Quem perde? Quem trabalha e tem os seus filhos em escolas públicas. Estes terão a vida dificultada e começarão a fazer contas: “Será que o dinheiro estica ou se coloca o filho numa escola privada lá da vila ou da freguesia? Às tantas mais vale comer menos peixe ou carne, trabalhar mais umas horas por dia e estar menos com a família… mas o filhote ou filhota podem ficar ali perto.” Quem ganha? A clientela que luta pela privatização do ensino e os donos dos estabelecimentos particulares.
Nos dias seguintes o Público e o jornal i foram também veículos do ataque ao ensino. Dizia-se que Portugal gasta mais de 5.000€ por aluno no ensino e que vale a pena estudar porque o salário de um licenciado é até 4 vezes superior. Pena que só no corpo da notícia coloquem o essencial: Portugal gasta menos 20% da média da OCDE em ensino e o valor só é relativamente alto quando considerado com o PIB, ou seja, porque se produz pouco em Portugal, fruto de uma economia de empresas terciárias e atrasadas do ponto de vista produtivo. Depois, dizia-se também que o impacto dos estudos no ensino é maior nos países com mais iletracia. Claro, Portugal ainda tem mais de 500.000 analfabetos, o que traça um mapa de baixas qualificações para todo o país. Ainda assim, é reconhecido oficialmente (INE) que os trabalhadores portugueses são muito mais qualificados do que os patrões (em média).
Para além disto, num país com mais de 10% de desempregados e onde o salário de um licenciado que entre no mercado de trabalho andará entre os 400€ e os 800€ líquidos, sem direito a subsídio de férias nem de natal, sem subsídio de desemprego ou doença, certamente que o senso comum considerará que 5.000 é muito, claro, 3.000 também já seria muito. Mas o título da notícia é inútil, ou melhor, só serve de propaganda para quem defende que se deve gastar menos.
E o que dizer das 100 escolas a inaugurar no Dia de Portugal?. Onde está a lista? Elas existem? Quanto custaram? Será que foi mais barato do que manter as escolas que se pretende fechar?
Hoje no entanto foi divulgada uma notícia que extravasa de realidade toda a propaganda. Portugal é o 4º país dos 27 da UE onde mais gente sai para trabalhar. Hoje, todos conhecemos vários casos, são jovens e licencidados os novos emigrantes. Um desperdício de vidas, de expectativas, de investimento público, ou seja, de dinheiro e vidas de todos. Um milhão de portugueses viajou para outros estados-membros.
Porquê? Porque temos uma das classes empresariais/patronais da europa mais parasitárias e avessa à modernização. Que chupa do Estado aquilo que os Governos retiram a quem trabalha. Porque o paradigma deles é o dos baixos salários sempre que possível. Porque as relações com o poder lhes permite tudo o que lhes lembra a sua má consciência: PEC1, PEC2… e certamente o orçamento para 2011, a ser cozinhado entre os vampiros do costume.
Portugal, e todo um povo que vive do seu trabalho, está a ser drenado…eles andam aí.
ps: a imagem deste post vem de http://www.centenariorepublica.pt/ e está classificada e protegida, sendo proibida a cópia, edição, publicação ou reprodução. Mas como diz o outro “Portugal ainda é nosso”, por isso deu-nos muito gozo poder copiar e publicar neste blog a imagem.
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