Valter Lemos admite que alteração das regras no subsídio de desemprego são subsídio aos patrões (de Braga e de todo o lado)
Valter Lemos, secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional, disse ontem, em Braga, que as alterações ao regime do subsídio de desemprego são uma forma de incentivar uma mais rápida inserção no mercado de trabalho. Na opinião de Valter Lemos, o sistema tal como estava “era um erro”: “Nenhum país pode ter sistemas de apoio ao desemprego que desincentivem as pessoas a voltar ao mercado de trabalho”.
Por outras palavras, Valter Lemos é um adepto da ideia formada de que os desempregados, cujo máximo histórico foi atingido ontem, são um bando de preguiçosos, parasitas da sociedade, que querem viver à custa do estado. A forma proposta para resolver este “problema” é retirar os apoios sociais, diminuir o Estado Social, e assim obrigar as pessoas a defender a sua própria subsistência aceitando qualquer proposta de trabalho, por mais exploradora , indigna ou injusta que possa ser.
Esta ideia tem levado a grandes ataques aos direitos (não regalias) aos trabalhadores/as em Portugal. O plano de austeridade elaborado pelo Governo e pelo PSD é um bom exemplo da organização desse ataque. Sabe-se no entanto que é um plano que satisfaz, e muito, os empresários de Braga, os tais que foram chorar ao ombro de Valter Lemos. Provavelmente só ficarão satisfeitos quando conseguirem por todos os desempregados a trabalhar por tuta e meia, ou mesmo de graça, como já foi sugerido.
Com crise ou sem ela, os bancos continuam com lucros formidáveis todos os dias, as grandes empresas dos Belmiros, Amorins ou Jerónimos Martins, continuam a facturar espectacularmente todos os dias, enquanto os trabalhadores que eles próprios empregam têm com salários de miséria, por vezes a recibos verdes ou com contratos a prazo, isto quando não são remetidos para lay-off ou sacudidos através de despedimentos colectivos e individuais.