Van Zeller, o profeta… ou como os sectores privado e público são indiferenciados e exploradores em Portugal

Em Outubro de 2008 Francisco Van Zeller, na altura presidente da CIP, tinha informado quem quisesse ouvir que os patrões não estavam dispostos a abrir mão de um cêntimo que fosse para a Segurança Social no que diz respeito ao seu contingente de trabalhadores ilegais e sem direitos a falsos recibos verdes. Dizia: “É muito possível. Nós alertamos na altura que isso poderia acontecer, só o mercado o dirá. Tal como nos recibos verdes aqueles 5%. Não sei até que ponto não vai vai recair . Se vocês trabalham a recibo verde vejam ao fim do mês ou no próximo contrato o que é que vos acontece, quem é que paga os 5%… (risos)”

Hoje o Expresso noticía que a Caixa Seguros declara abertamente que também não pretende assumir esse “encargo”. A pressão, como o caso de Serralves já indicava, passa para os trabalhadores a falsos recibos verdes. Pretendem os patrões que estes constituam empresas que, na prática, apenas o são no papel, pois eles continuarão a ser trabalhadores precários e dependentes de um só patrão. O escândalo hoje já tem espaço nas capas de jornal dada a impunidade do banditismo económico dos sectores privado e público do país.
À ACT caberá cada vez mais a demonstração sobre qual lado pretende colocar-se. Apesar das palavras fortes de José Luís Fortes, até hoje nenhuma grande invistida pela justiça laboral é conhecida, também reconheça-se, hoje a ACT não é muito mais do que uma fachada, uma espécie de provedor do espectador, em que o espectador são todos os trabalhadores que observam a impunidade da classe empresarial e patronal portuguesa.
Nota: Francisco Van Zeller entretanto passou a integrar um Conselho para a Internacionalização do Ministério da Economia, provavelmente por ser considerado pelo Ministro da Economia Vieira da Silva como um parceiro essencial.
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