Van Zeller põe as garras de fora
Mas será que o argumento de Van Zeller tem alguma lógica?
Carvalho da Silva, Secretário Geral da CGTP, já veio repudiar estas afirmações dizendo que “o país deve ter vergonha dos empresários que lamentam não poder subir o salário mínimo 80 cêntimos por dia”, e até a UGT vem defender que a subida em 2010 do salário mínimo para 475€ é obrigatória.
Além disso, do impacto que esta pequeníssima subida poderá ter na vida de milhares de pessoas que são, por norma, as mais fracas e mais necessitadas, que impactos poderia realmente o congelamento dos salários mais um ano?
A inflação homologa em Portugal está negativa desde há 7 meses, o que representa a maior queda de preços ao consumidor dos últimos 50 anos: hoje compramos os produtos 1,6% mais baratos do que em 2008. Isto é resultado da crise económica nacional e internacional e também da recessão de que teremos saído apenas tecnicamente. Mas o que à partida nos pode parecer muito bem, a baixa de preços, pode levar a um período de deflação, o que teria o impacto desastroso nas empresas e nas famílias.
Assim, o argumento de Van Zeller parece cair pela base. Se bem que o congelamento dos salários poderia ajudar as exportações esta politica iria arrefecer o consumo interno e logo criar condições ao aparecimento da deflação. Um dos poucos mecanismos que os governos têm para quebrar períodos deflacionários é justamente o aumento do salário mínimo e este novo governo Sócrates vai ter de pensar muito bem antes de aceitar a chantagem de Van Zeller. Se o fizer poderemos estar condenados a ainda mais falências das empresas e ainda mais desemprego.
Ricardo Santana
Foto Gorgulha
Sem esquecer que, sem dinheiro, as pessoas cortam no consumo. A quem é que o Van Zeller quer vender o que produzem os patrões?
Isso poderia parecer um problema mas na verdade o Van Zeller tem e defende negócios que exportam, logo que não dependem do consumo interno.
Talvez quem possa vir a intervir com esse intuito seja o Belmiro, que deve estar a perder milhões e quase disponível a aumentar os salários dos empregados dos outros.
Ricardo Moreira