Vitalino, um homem confuso, quer Observatório

Vitalino Canas anda confuso. Já o tínhamos dito aqui: ele não sabe porque é que tanta gente duvida da legalidade das ETT e acha que há muita confusão entre trabalho temporário e trabalho precário.

Perceberam? Claro que não, mas nada faz sentido em Vitalino. Ou, melhor: o único sentido de Vitalino é o oportunismo com que defende as Empresas de Trabalho Temporário (ETT), recebendo delas um salário para fingir que está defender os trabalhadores e trabalhadoras que nelas são ultra-explorados. Acumular isso com o cargo de deputado do PS e ainda com a função de porta-voz do partido também lhe parece normal. Claro que sim: é uma lança das ETT no poder e explica bem como olha este Governo para a precariedade.

Vitalino Canas, em declarações à Lusa, vem agora propor um Observatório, o que, na sua opinião, “permitiria caracterizar adequadamente o sector, conhecer a sua dimensão exacta e criar conhecimento que permita uma melhor resolução“. Um Observatório?… talvez. Mas a verdade é que, infelizmente, a realidade está bem à vista e é observável a olho nú.

Não podemos esperar melhor de Vitalino Canas. Apresentando o seu primeiro “relatório” enquanto Provedor-faz-de-conta, anuncia-nos os seus resultados: “cinco recomendações” às empresas. Neste mar de ilegalidades, sobre-exploração e impunidade total em que navegam as ETT, o senhor Provedor só conseguiu fazer cinco anotaçõezinhas às tropelias destes senhores. Mas percebe-se: afinal, são eles que lhe pagam o salário para legitimar a precariedade.

Vitalino Canas promete ainda ser “mais agressivo” na sua função a partir de agora. Estamos a imaginar o terror que sentem os patrões das ETT…

As ETT continuarão, com a benção do senhor Provedor, a capturar uma parte do salário dos trabalhadores e trabalhadoras, obrigando muitos milhares de pessoas a ser permanentemente temporárias. É este o negócio das ETT: arrebanhar pessoas para empresas que não querem ter reponsabilidades com elas, quase sempre para funções permanentes.

É assim, apenas para dar um exemplo, que existem call-centers em Portugal – durante muitos e bons anos, sem fim à vista, sempre com “trabalhadores temporários”, subcontratados por ETT. A PT, a Vodafone, a TMN, a Optimus e todas as outras empresas que usam este expediente, nunca têm trabalhadores em call-centers, mas têm call-centers a funcionar, permanentemente. Não será que isto está demasiado à vista, sr. Provedor? Até quando quer ter o descaramento de nos tratar como idiotas?

Já agora, relembramos o vídeo da acção do MayDay Lisboa 2009, que “encerrou” várias ETT em Lisboa:

notícias aqui, aqui, aqui ou aqui.
Facebooktwitterredditlinkedintumblrmailby feather