Volkswagen despede 16.500 precários

Talvez ainda seja uma das empresas do mundo onde os trabalhadores estão mais defendidos nos seus direitos laborais: a Volkswagen, que esteve à beira da falência após a II Guerra Mundial, tem sido um caso singular de participação dos trabalhadores na gestão e nas grandes decisões empresariais: os funcionários têm direito de veto sobre questões relevantes, como o de encerrar fábricas, e nenhum accionista pode ter mais de 20% dos votos, independentemente do capital que possuir.

É verdade que a Porsche, que recentemente adquiriu mais de metade do capital da VW, tem tentado, com o apoio da União Europeia e dos seus tribunais, eliminar estas cláusulas que defendem os direitos de quem trabalha e que tanto ofendem os princípios do “livre comércio” internacionalmente vigentes. Mas tem sido o próprio governo alemão, de direita, a defender o “modelo de gestão VW”. De resto, o governo da Baixa Saxónia também direito a 20% dos votos na administração e poder de veto sobre decisões estratégicas.

Por seu lado, a fábrica portuguesa da VW também tem sido apontada como um exemplo onde a negociação entre os representantes dos trabalhadores e a administração funciona para regular o ritmo de trabalho em função das necessidades de produção, sem quebras salariais nem despedimentos de funcionários.

Verifica-se agora que nada disto se aplica aos trabalhadores precários: a crise económica tem afectado a procura de automóveis e a VW encontrou com facilidade a sua “variável de ajustamento” dos custos de produção: vai despedir os trabalhadores temporários, que não estão protegidos pelos acordos de empresa que garantem o emprego dos restantes trabalhadores. São 16.500 pessoas que vão ser despedidas nas fábricas da VW de todo o mundo.

Notícia em Portugal, Espanha (aqui e aqui) e França

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