Apelo [15 de Outubro] o mundo sai à rua com a força da indignação popular
Amanhã o protesto toma conta das ruas em vários pontos do mundo. Unem-se milhões de vozes: as que ocupam Wall Street e as que reclamam, em várias cidades dos Estados Unidos, justiça para os 99% da população vítimas da ganância dos ricos e dos crimes dos bancos e banqueiros; as que se indignaram em Madrid, Atenas ou Telavive, exigindo a democracia que está a ser sequestrada por interesses de uma minoria; as que enfrentaram ditaduras e fizeram a primavera árabe; as que lutaram e lutam, na ruas da Europa e de todos os continentes, por justiça, trabalho e direitos.
Ontem o Primeiro-Ministro, Passos Coelho, anunciou uma guerra ao país com uma escalada brutal na austeridade dirigida aos trabalhadores e à maioria da população. Com ar grave, antecipou as linhas gerais do Orçamento de Estado de 2012 e amedrontou a população com o não pagamento de salários e a bancarrota do país. Na galeria de horrores destinada a milhões de pessoas – que superam as medidas que já tínhamos antecipado – o Governo avança com a eliminação dos subsídios de férias e natal e decreta o aumento em meia hora do horário de trabalho diário, gratuito, oferecido aos patrões. Roubam-nos hoje, os direitos e sacrifícios obtidos durante mais de um século com mobilizações dos trabalhadores e das suas organizações. Em Portugal, várias cidades vão conhecer mobilizações populares a favor de alternativas: Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Évora, Faro, Angra do Heroísmo, Funchal, Barcelos e Santarém têm convocatórias abertas. Participa neste protesto e, se estiveres em Lisboa, junta-te aos Precários Inflexíveis na manifestação (15h, no Marquês de Pombal)!
Os Precários Inflexíveis participam, desde o primeiro momento, neste apelo. Só a mobilização dos trabalhadores e das trabalhadoras, do conjunto da população atingida pelo autoritarismo da austeridade, pode responder e enfrentar o desemprego, o empobrecimento e a precariedade. Num país de gritantes desigualdades, em que os patrões controlam um governo de fanatismo liberal e destrutivo, não restará democracia porque não haverá direitos no trabalho e na vida. Com serviços públicos mínimos para os indigentes, ou com uma economia baseada no desespero do desemprego e na chantagem dos baixos salários, Portugal ficou redesenhado à imagem cinzenta de outros tempos.
Juntamo-nos para desmascarar o maior de todos os ataques à democracia: as falsas inevitabilidades são a arma de destruição massiva de direitos, o silêncio que nos exigem é a negação do nosso futuro. Não nos calam com a troika, os seus memorandos e os seus governos.
Como antes, não há nenhuma solução emancipatória que seja fácil e imediata. A igualdade contra a injustiça, os direitos no trabalho e na vida contra a proposta económica de precariedade e de jorna, são lutas que se baseiam na indignação, na não aceitação da pobreza como destino da humanidade e na constatação efectiva das riquezas acumuladas em 1% da população.
Nós somos 99% e não aceitamos a pobreza e a desigualdade. Elas não são inevitáveis. Existem alternativas e lutamos por elas. E a luta não acaba aqui.