As ONG's e a vergonha do trabalho precário
Gostaria de partilhar com todos uma realidade quase escondida. Os trabalhadores de muitas organizações não governamentais portuguesas são trabalhadores precários e recebem muito menos do que as qualificações e horas dedicadas ao seu trabalho. Porque é esperado de nós trabalho voluntariado e “amor à causa” muitas vezes é esquecido o facto de sermos também pessoas, com necessidades. Necessidade de estabilidade profissional, de um salário digno, de um horário de trabalho, de direitos.
Muitas pessoas que trabalham neste sector promovem os direitos dos mais excluídos da sociedade, dos que têm menos voz. E esquecem a sua. Por isso é que vemos muitos trabalhadores com salários em atraso, horas extraordinárias, a recibos verdes, que não se manifestam. Por todos eles eu digo: Basta, somos também pessoas!
Para melhor lutarmos pelos direitos dos outros, temos também de lutar pelos nossos. Temos responsabilidades, famílias e contas para pagar como todos.
É esperado que aceitemos esta realidade como forma da organização não ter encargos connosco, porque também está a lutar pela sobrevivência. Eu digo o contrário, é responsabilidade do empregador (e obrigação) cumprir todos os requisitos legais e morais para empregar uma pessoa. Não somos nós que devíamos ter vergonha por querer ver os nossos direitos aplicados, são as organizações que praticam este método de trabalho.
Por um mundo mais justo, sejamos justos também connosco.
Paula Pedro







Muito bem dito…
É a maior realidade de todas…