Belmiro quer mão-de-obra barata porque foi isso que lhe construiu o império
O grande merceeiro Belmiro de Azevedo afirmou com todo o desplante no ilustríssimo Clube dos Pensadores em Gaia que “não sei porque não deve haver economia baseada em mão de obra barata. Senão não há emprego para ninguém”. As suas palavras não são nada mais nada menos que a exteriorização da prática de anos e anos de exploração sobre o qual foi construído o império monopolista da Sonae em todas as suas frentes e empresas do grupo. Podemos começar por falar da subcontratação precária na Sonaecom através de ETTs disfarçadas de consultoras tecnológicas, passando pelo exército de comerciais porta-a-porta (D2D), até aos contratos precários de curtíssimo tempo que se vão renovando infinitamente nos hipermercados do grupo.
Ora sabemos também que em 2012 os salários dos administradores da Sonae eram em média 72 vezes superiores ao salários médio dos trabalhadores do grupo, sendo que o total auferido ultrapassava os 3,1 milhões de Euros. Parece pois muito fácil ao Sr.º Eng.º pagar ordenados principescos à sua corte quando estes assentam sobretudo em demonstrações de resultados baseadas em baixos salários. A equação é simples; menos despesas fixas com trabalhadores maior o bolo que sobra para distribuir entre os ‘pensadores’.
Mas a estratégia de crescimento monopolista continua a dar os seus passos e para breve a fusão da Sonaecom/Optimus com a ZON, diminuindo ainda mais a concorrência de players no sector das telecomunicações a troco da entrada no retalho angolano. Depois da privatização da Portugal Telecom e do forte lobby que resultou na separação da PT Multimédia ( agora ZON ) em relação à casa-mãe sem esquecer a OPA que ficou pelo caminho, eis como Belmiro de Azevedo e os seus parceiros Angolanos se posicionam para monopolizarem mais um sector também ele cada vez mais assente em precariedade através de empreiteiros e subcontratações de serviços com toda a bênção do sector bancário, que através de um dos muitos tentáculos, as empresas de trabalho temporário (ETTs), fornece mão-de-obra barata ao gigante Sonae e seus parceiros.
No seu discurso final Belmiro de Azevedo diz ainda que “A banca travestiu-se” e de facto tem razão! A Banca com as suas participações nas empresas de recrutamento/trabalho temporário retém uma parte significativa dos salários dos trabalhadores precários, transferindo assim rendimentos do trabalho para o sector financeiro. O grande pensador Azevedo sabe do que fala, e também sabe como a imposição de baixos salários através de ETTs e contratação precária o beneficia nas participações accionistas que partilha com os seus parceiros no sector da banca de forma directa ou indirecta.
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