Crise no Chipre é crise da Europa
A crise no Chipre está para durar. Esta quinta-feira é possível que os bancos voltem a abrir depois de quase duas semanas encerrados. O Governo cipriota ainda não divulgou as medidas de controlo de capitais e na segunda-feira o presidente do Eurogrupo mostrou que a União Europeia está sem norte. Não tenhamos dúvidas, quem vai pagar as asneiras dos bancos do Chipre são os cipriotas, com anos de austeridade que já foram impostos pela troika.
Quando os bancos reabrirem haverá uma enorme corrida aos depósitos e o sistema bancário pode colapsar. Os depósitos nos bancos cipriotas valem 68 mil milhões de euros mas o PIB não chega aos 18 mil milhões.
O bail out dos dois bancos falidos do Chipre podia ter-se resolvido com 16 mil milhões de euros, mas a troika do FMI e da UE lançou o caos exigindo que os depositantes e os accionistas pagassem 6 mil milhões dessa fatura no imediato.
Depois o presidente do Eugrupo veio dizer que esta solução, o bail in, podia ser usado noutros países da zona euro para salvar os bancos que precisassem de ser salvos. A entropia que estas afirmações trouxeram fizeram com que Jeroen Dijsselbloem se tenha desdito horas depois, mas o mal já estava feito.
A zona euro e a união europeia estão em maus lençóis e os governantes criaram uma crise política e de confiança no sistema bancário que pode ameaça a moeda única. O efeito dominó está aí.
Aliás, se a banca do Chipre valia 700% do PIB do país, os bancos do Luxemburgo valem 2500% e nas últimas horas este país ficou na mira dos jornais, por poder ter problemas semelhantes no sistema bancário. Se assim for, o dominó já se começou a sentir.
Em Portugal os contribuintes pagaram mais de 12 mil milhões de euros para salvar o BPN, o Banif, O BCP, o BPP e a CGD e hoje estamos a pagar com impostos, postos de trabalho e direitos sociais essa fatura. Em Espanha acontece o mesmo, porque o Estado se endividou em 100 mil milhões para salvar os bancos e entregou a fatura em austeridade ao povo.
Qual é a próxima peça a cair?
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