Davos: o sítio onde o mundo do crime se organiza

Já começou o 44º Forum Económico Mundial. Ali, juntam-se as lideranças políticas mundiais, os dirigentes políticos dos grandes partidos, eleitos democraticamente, e os que não são eleitos democraticamente. Nestes últimos, incluem-se os dirigentes políticos não eleitos, como os de Angola e China, ou da Grécia ou Itália, e uma relevante parte da elite financeira mundial. É lá que o negócio se sobrepõe à vida, é lá que o crime (aqui, aqui) se organiza.

Em 2013 as femen protestaram em Davos: "poor because of you"
Em 2013 as femen protestaram em Davos: “poor because of you”

Como o Diário Económico afirma “Davos é o sítio certo para ‘vender’ o país”. Por uma questão de educação, colocaram a palavra vender entre aspas. Fizeram bem, porque de facto não nos vendem apenas, matam-nos (concretamente, a alguns de nós) e à esmagadora maioria, dificultam muitíssimo a vida e aumentam o factor sofrimento ou agonia para patamares pouco explicáveis por palavras.

Mira Amaral do PSD, por exemplo, ex-ministro de vários governos de Cavaco Silva, que naturalmente acelerou a sua carreira na banca privada depois do exercício de cargos públicos, é um cliente da casa (Davos). Agora com ligações ao “governo” de Angola (também podemos usar aspas), depois da EDP, CIMPOR, Repsol. Um homem de negócios que se apressou a garantir a presença para debater de forma certamente desinteressada o tema central em Davos este ano: ‘Remodelar o Mundo: Consequências para a Sociedade, Política e Negócios’. Pois claro. Faz-se uma remodelação no mundo e colocam-se sociedade, política e negócios lado a lado. Está certo, tão certo que até é estranho como foi escrito assim. Como vem sendo sempre dito, não há qualquer acaso na crise financeira e mundial, trata-se de uma remodelação de facto, social, é o problema.

A agenda política e as privatizações são um bom incentivo para ir a Davos. Os governos e os “governos” (Angola, China, Irão…) vão, mas também vão os principais players (parece que é assim que diz) da selvajaria económica mundial. Por exemplo, Pedro e José (não outros, mas os Soares dos Santos, do Pingo Doce) lá vão dizendo que “Sabe bem pagar tão pouco”, mas certamente darão por bem aplicados os 50.000 euros anuais para fazer parte deste pequeno clube de chá (acrescem 25.000€ de inscrição para presença no evento).

Mas vale a pena, eles sabem. Não há engano.

António Guterres, Durão Barroso mas tmabém Ban ki-Moon, Benjamin Netanyahu ou Shimon Peres. Cabem todos desde que venham por bem.

Pires de Lima, o nosso ministro da Economia, quer tratar da TAP, também lá vai. Depois do sucesso da venda da EDP ao capitalismo Chinês, o governante não deixa os créditos por mãos leves e vai encontrar-se como a alta finança, Russa, desta vez. Porque para gerir os destinos das escolhas estratégicas nacionais, o que é de todos (transporte aereo e energia) não queremos moleza.

Mas vale sempre a pena… Que se desenganem os que acham que algo acontece por acaso, por incúria, ou por incompetência. Em Davos tudo cabe para que o crime seja perfeito: ministros, governos, empresários, académicos, polícias.

Enquanto somos “vendidos” em Davos, pequena localidade suíça transfomada em bunker por estes dias, a ONG Oxfam divulgou que o rendimento anual dos 100 mais ricos do mundo seria suficiente para acabar com a pobreza mundial, quatro vezes (aqui).

O que se passa em Davos, não é um forum, é um crime.

Ver notícias: aqui, aqui.

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