Denúncia: polícia usou tasers para dispersar piquetes da Greve Geral
Esta noite a polícia de intervenção ameaçou vários manifestantes com tasers para os fazer dispersar do piquete da Carris na Musgueira. Esta é uma situação muito grave, pois denuncia que a PSP está agressiva e disposta a usar métodos de grande violência para reprimir os trabalhadores.
Os Precários Inflexíveis participaram em vários piquetes esta noite e os trabalhadores mantiveram-se sempre calmos, apesar da postura das autoridades.
A própria FECTRANS, Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, denunciou a “intervenção da polícia para impedir a acção dos piquetes de greve (…) com a concentração exagerada de polícias junto às estações da Carris (…) não para defender a lei, mas para impedir, neste caso concreto no que concerne à lei da greve, que a mesma não seja respeitada», afirma o seu coordenador, José Manuel Oliveira.
Notícia TSF aqui.







Mesmo não apoiando tal acção porparte das forças da ordem, o cabeçalho desta notíciaé obviamente tendencioso e induz, provavelmente de forma propositada, qualquer leitor em erro. A polícia, numa interpretação corriqueira do termo, NÃO USOU os tasers para dispersar nem uma formiga que fosse, segundo a notícia em si, mas terá isso sim, AMEAÇADO!
Segundo a lei da greve: “
A associação sindical ou a comissão de greve pode organizar piquetes para desenvolverem
actividades tendentes a persuadir, por meios pacíficos, os trabalhadores a aderirem à greve,
sem prejuízo do respeito pela liberdade de trabalho de não aderentes.”
Cá em Portugal, muitas vezes os grevistas interpretam como respeitando esta lei o colocarem exagerados números de elementos a bloquearem FISICAMENTE o acesso ao local de trabalho dos não aderentes. Estes sentem-se ameaçados? SEGURAMENTE, ainda mais que não são poucas as vezes que se um trabalhador tenta furar a greve, os ânimos se exaltam mais do que deveriam. PERSUADIR é abordar, dialogar, não colocar uma turba no local. Por outro lado, a falta de tomates dos Governos em resolver estas situações nunca ajudou, e agora vemos excessos por parte das forças da ordem. Mas porque teria um piquete, alguma vez na vida, mais que 2 ou 3 pessoas, no máximo, se falamos de persuasão pacífica e não de ameaças, bloqueios físicos, etc?
Não concordo. Quando alguém aponta uma pistola, ainda que não dispare, usa-a.
O mesmo acontece com o taser. Se o taser não tivesse sido ligado não tinha sido usado, mas foi.
Usaram o taser contra os manifestantes do piquete.
Infelizmente há uma perversão do que é persuasão que acaba por ser coação. Piquetes de greve têm o direito de se manifestarem, têm o direito de darem a conhecer as suas reinvindicações, têm o direito a dar a conhecer os motivos pelo qual fazem greve. Agora vamos ao que não têm direito: não têm direito a impedir alguem de trabalhar voluntáriamente e não têm direito a impedir que a lei se faça cumprir. Não concordam com a lei? Manifestem-se públicamente e façam uso dos direitos de todo e qualquer cidadão, consagrado na constituição e leis do nosso país. Acham a lei injusta? Abaixo-assinado, bem estruturado e com fundamentação viável e ver se o número de assinaturas obtidas é representativo o suficiente da população para ser levado a sério (se não o for então comecem a questionar a legitimidade das reinvindicações).
“Quando alguém aponta uma pistola, ainda que não dispare, usa-a.”
Com o historial diverso de piquetes de greve a abusarem dos seus direitos e a fisicamente impedirem, não poucas vezes, através da violência, os trabalhadores que legitimamente querem trabalhar, de o fazerem, não censuro demasiado as forças de segurança. PORQUE é que nesta terra o raio de um piquete tem de ser sempre um ajuntamento de “coragens colectivas”? Custa muito fazer o que está no espírito da lei e uns POUCOS elmentos tentarem persuadir pela via do diálogo os colegas? Muito provavelmente, quem critica os polícias nesta situação fica caladinho depois que nem um ratinho, sem censurar, quando os piquetes se excedem, e exercem de violência física e não só sobre os colegas e polícia (que por vezes apenas protege esses colegas).