Desemprego: A Bomba-Relógio
Contrariando o seu optimismo efusivo de ontem, o Primeiro-Ministro veio hoje afirmar que é normal que o emprego continue a afundar, e que a projecção da redução de perdas no PIB só se verificará mais tarde (i.e., a economia primeiro crescerá e só depois crescerá o emprego). Resta então saber que tipo de economia deseja o Primeiro-Ministro: uma economia de números ou uma economia de pessoas, quando faz uma clara deturpação da leitura de um indicador de informação complexa como é o PIB, sobrepondo-se à leitura de um indicador muito mais simples e de leitura directa como é a taxa de desemprego.
Hoje destacou ainda, orgulhosamente, que o desemprego na Europa é ainda mais elevado que em Portugal, congratulando-se pelas medidas empreendidas pelo seu governo para a problemática do desemprego, embora os números do mesmo rumem ao céu.
O Público destaca que os números lançados pelo INE revelam um valor máximo para o desemprego desde 1987, acrescentando 98 mil desempregados ao mesmo período do ano passado (Abril a Junho de 2008).
Em termos regionais o Alentejo destaca-se com uma taxa de 11,3%, seguido pela região Norte, entrando para estas estatísticas que a região de Lisboa encontra-se com uma taxa superior à taxa global nacional 9,4%. As faxas etárias mais afectadas são entre os 25 a 34 anos e com 45 anos ou mais.
Considerando as largas fatias de pessoas sem emprego que são excluídas destas estatísticas oficiais, pode-se considerar que este período é verdadeiramente catastrófico para a população portuguesa e para os seus trabalhadores, e que tenderá a agravar-se com a elevada probabilidade de várias empresas não retomarem o trabalho após o período de interrupção para férias.
Considerando ainda o escandaloso número de trabalhadores com vínculos precários legais e ilegais (que provavelmente nunca entrarão nas estatísticas de desemprego do INE), temos uma situação explosiva em mãos, controlada apenas pelo facto de estarmos ainda em período de férias, em que as pessoas procuram alhear-se dos problemas, e pela informação deturpada que nos é empurrada pelos grandes meios de comunicação todos os dias.