Gaspar-meias-verdades: "nem tudo aconteceu de acordo com o planeado". Buraco já vai em 5,6 mil milhões
Discursando num think tank em Washington, Vítor Gaspar confessou que na aplicação do programa de ajustamento “nem tudo aconteceu de acordo com o planeado”. O ministro das finanças tornou-se o campeão das meias-verdades, ou das quase-mentiras.
Na primeira versão do programa da troika o desemprego previsto máximo durante o ajustamento era de menos 10% em 2016, agora já em 2013 assumem uma taxa de desemprego máxima de 19%. No memorando original o rácio dívida pública/PIB deveria começar a trajetória descendente, em vez disso a dívida pública subiu de pouco mais de 90% para mais de 120% do PIB. O défice em 2013 deveria ser de 3%, mas já está negociado para ser acima dos 5,5% (lê o memorando original aqui e as atualizações aqui).
Mas Gaspar não mente quando diz que o resultado foi o que planeado, até porque, nas palavras do ministro “91% das medidas” foram aplicadas.
O dobro da austeridade criou o dobro da recessão e o dobro da recessão vai “obrigar” a cortes de 5,6 mil milhões em vez dos 4 mil milhões que se falavam para a “reforma do Estado” de Passos Coelho. Resultado desses cortes? Mais austeridade e mais recessão: a espiral recessiva (ver Boletim de Primavera do Banco de Portugal aqui).
E de nada vale que Passos, Portas e Gaspar olhem para a Comissão Europeia como o protetor divino que os salvará da desgraça, pois com a atuação em Chipre já vimos bem a desorientação dos líderes europeus.
Chega de desemprego e de precariedade. A austeridade tem de acabar.
Ver notícia aqui.
by