Gaspar: prestações sociais são "o problema político mais urgente"
“Não é possível financiar as prestações sociais que a sociedade não está disposta a pagar”, disse hoje Vítor Gaspar, ministro das Finanças, aos deputados, reforçando ainda que a “adequação das prestações do Estado para aquilo a que a sociedade portuguesa está disposta a pagar” é o “problema político mais urgente”. E não deixa de ter razão.
A existência de pensões de reforma, o valor dessas mesmas pensões, a existência e o valor do apoio aos desempregados, a existência, os direitos e o valor do apoio à maternidade e paternidade, a existência e o valor do apoio às famílias pobres, a existência de uma Escola Pública, a existência de um Sistema Nacional de Saúde universal e gratuito a existência de uma Segurança Social pública que defende os cidadãos e as cidadãs, são tudo “problemas políticos urgentes”; e sendo políticos significam que temos de fazer escolhas como sociedade.
As palavras de Vítor Gaspar nada significam quando sabemos que em 2013 Portugal irá pagar 8,6 mil milhões de euros de juros (apenas de juros) da dívida pública e que isso equivale ao que se irá gastar no Serviço Nacional de Saúde e ultrapassa por muito os gastos da Escola Pública. Mas sobre essas escolhas, sobre essa política, o ministro nada diz.
Agora Gaspar junta forças ao Primeiro-ministro e aponta as baterias aos reformados. Para estes, e de acordo com Passos Coelho, as suas contribuições nunca significaram uma determinada reforma, ou seja, o Governo quer mudar as regras da Segurança Social a meio do caminho e retirar parte das contribuições aos reformados.
Nos últimos dias muito se tem dito sobre reformados e pensões, mas é preciso que fique claro que as pessoas que têm maiores reformas como resultado de longas carreiras contributivas (e não de paraquedas dourados para ex-governantes) têm direito a essas reformas por inteiro e nenhum Governo lhas podem tirar.
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