Governo Grego da austeridade mergulha a Grécia no abismo e no desespero

Depois de muitas manifestações pacíficas, depois de muitas greves, de muitas Greves Gerais, depois dos confrontos terem sido a expressão mínima da mobilização e do confronto social em Atenas, agora, o desespero abre caminho a todo o tipo de mobilizações e confrontos. O governo da Grécia, de coligação ou salvação nacional, aprovou mais um plano de austeridade. Este plano é o retrocesso social imposto pela troika, não democrática, e transforma a vida de milhões de pessoas, homens, mulheres, crianças ou idosos, em miséria e desespero. Este programa acrescenta poder ao já grotesco poder da banca e da finança. Ele esvazia a democracia e rouba o futuro aos gregos. Os deputados que respeitaram a maioria dos cidadãos e contrariaram a disciplina de voto, votando contra o programa, foram expulsos pelos seus partidos. Hoje, ninguém poderá dizer que os cidadãos gregos não se fizeram ouvir pacificamente.

O desespero pode tornar-se agora a forma principal de alimentação da intervenção política de cada organização e de cada cidadão. A responsabilidade é toda de quem não respeitou a democracia e o debate por alternativas à austeridade selectiva. A responsabilidade pelo desespero e pelos confrontos é de quem geriu de forma danosa os bens públicos da Grécia e os direcionou, consciente ou inconscientemente para o sector privado, grego ou internacional. 

Com poder sem limites e sem fronteiras, com enormes desigualdades políticas e económicas vertidas no mapa social, o capital e as organizações financeiras, grupos económicos, perceberam que podiam dispensar a democracia. Como resposta, e contra a legitimidade popular, os governos desistiram de a defender e transformaram-se em fanáticos de um regime de austeridade permanente onde as opções económicas e sociais não existem.

Grécia e Portugal têm políticas comuns, e sabemos que ambos os governos devem responder por tudo. 

Só a força da democracia e da organização pode abrir alternativas à austeridade.