Governo oferece desempregados às multinacionais do trabalho temporário

O anúncio do Governo de que entregará às empresas de trabalho temporário os desempregados inscritos no IEFP confirma que, depois de criar a mais elevada taxa de desemprego da História do país, o executivo CDS-PSD quer fechar o ciclo da precarização total, entregando os mais de um milhão de desempregados a multinacionais privadas especializadas na exploração máxima com trabalho ultra-precário, de curta duração e salários de fome.

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Depois de três anos de políticas activas de destruição do emprego em Portugal, criando os mais elevados níveis de desemprego da História da Democracia em Portugal, situação coincidente com o aumento da área de negócios das empresas de trabalho temporário (ETT), o Governo privatiza o futuro de milhares de desempregados, entregando-os definitivamente à iniciativa privada e ao negócio da exploração laboral intensiva e de curta duração.

Há poucos meses o relatório do “Provedor” do Trabalho Temporário, o deputado do PS Vitalino Canas, foi apresentado na presença do Secretário de Estado do Emprego, Octávio Oliveira, e do Presidente da Associação das Empresas de Trabalho Temporário, e concluía uma queda nos magros salários dos trabalhadores temporários de 2011 para 2012, enquanto aumentava o número de pessoas nesta condição. O embaixador das ETT não teve a coragem de dizer que esse aumento era positivo, destacando que a queda de 20% nas queixas contra as empresas de trabalho temporário se devia à resignação, às dificuldades económicas destes trabalhadores e ao medo de perderem os seus empregos.

O recurso a empresas de trabalho temporário é um expediente utilizado apenas para que quem necessita trabalho fique exposto a empresas que fazem negócio dos buracos legais existentes nas leis laborais. Adecco, Kelly Services, Manpower, Randstad, Multipessoal, Tempo Team, Egor e Synergie são apenas algumas das empresas representadas em Portugal pela APESPE e a nível europeu pela EUROCIETT cuja actividade económica é garantir salários de miséria, contratos de curta duração e desresponsabilização das empresas contratadoras. Estas empresas não têm qualquer razão de existir, já que a distribuição de pessoas, que supostamente fariam raramente existe e o que as sustenta é a captura de fatias salariais que em alguns casos ultrapassam os 60% do salário pago pelas empresas nas quais as pessoas de facto trabalham.

O ministério de Pedro Mota Soares, que foi sucessivamente introduzindo estas empresas privadas no IEFP, substituindo e despedindo os trabalhadores que asseguravam os serviços, quer agora fechar o ciclo: o serviço público que acompanhava as pessoas desempregadas, depois de desmantelado pelo Governo, é agora concessionado às ETT que receberão de mão beijada mais de um milhão de pessoas no desemprego para dinamizarem o seu negócio de se aproveitarem da miséria alheia.

A maioria do trabalho temporário, promovido pelas empresas a quem o governo quer entregar os desempregados, é falso trabalho temporário, ilegal. Apesar disso, o governo anunciou a entrega do IEFP às multinacionais privadas de trabalho temporário. A Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis tudo fará para deter esta proposta que apenas agrava a precariedade, usando o desemprego como negócio e os desempregados como mercadoria.

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