Amanhã, dia 29 de Setembro, ensaia-se novamente uma jornada de luta europeia que define uma tentativa de unificação da força de intervenção das várias organizações sindicais e sociais dos trabalhadores. O apelo partiu da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) que convocou esta acção de protesto contra as medidas de austeridade aprovadas pelos Estados-membros da União Europeia. As receitas que executam a transferência de riqueza dos mais pobres ou dos trabalhadores para os mais ricos como forma de pagamento da crise financeira, é aplicada por toda a Europa. Os países com as economias mais frágeis são precisamente aqueles onde os responsáveis pela crise vão passando a maior factura: Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha (os chamados PIGS).
As instituições europeias e mundiais que sempre organizaram o dinheiro do mundo, o FMI, a OCDE, os Bancos Centrais, falharam de forma retumbante com o colapso da crise, a destruição de 30 milhões de postos de trabalho e a subida avassaladora da pobreza e das dificuldades para as populações do mundo, onde como sempre, quem mais paga é quem menos tem. No entanto, hoje, os governos (eleitos democraticamente na maioria dos casos), apressam-se a “rasgar” o contrato social que assumiram com os cidadãos e eleitores e passaram a negociar e a responder apenas ao capital, precisamente, os mesmo que cavaram o buraco das dificuldades em que nos encontramos. As entidades (não democráticas) que assumem a responsabilidade de organizar o dinheiro do mundo assumem agora claramente a frente da batalha contra as pessoas. A divisão é mais clara hoje: de um lado, as pessoas que vivem do seu trabalho, os estudantes, as mulheres, os imigrantes, os pensionistas, do outro, os governos, a banca, o FMI, a OCDE, a Comissão Europeia, o patronato.
Pouco depois da divulgação da iniciativa da CES, os movimentos e organizações presentes no Fórum Social Europeu (FSE), ocorrido Istambul (1 a 4 de Julho) na Turquia, juntaram-se ao apelo, e redigiram na sua Declaração Final da Assembleia do VI FSE a ideia da urgência da união da luta dos trabalhadores (colocamos aqui o essencial):
“Agir em conjunto na Europa contra a crise
No contexto de uma crise global e confrontados com a União Europeia, os governos e a ofensiva do FMI para impor austeridade e políticas de regressão social, os movimentos sociais que se reuniram no FSE, na edição de Istambul, lançam um apelo para se agir em conjunto na Europa.
Mobilizações e movimentos de resistência estão a organizar-se por toda a Europa para fazer frente a estas políticas.
É urgente construir, a longo prazo, uma luta convergente na Europa, que reúna movimentos sociais, sindicatos, associações, organizações e redes de cidadãos.
É por isso que emitimos um apelo para um primeiro passo no caminho para o desenvolvimento de uma grande mobilização europeia a 29 de Setembro e durante os dias próximos desta data.
Temos de impor políticas alternativas, que nos permitem satisfazer necessidades sociais e exigências ecológicas.”
Estão convocadas greves gerais, paralisações e manifestações por toda a Europa. Os Precários Inflexíveis juntam-se ao apelo contra a inevitabilidade das medidas da crise. Elas reflectem apenas uma relação de forças desigual e na direcção que o poder económico e o patronato exercem nos governos que desistiram ou se corromperam. A re-captura de privilégios é assim exercida por uns em detrimento das vidas de quase todos os outros.
A resposta está na união da força de todos os sectores do trabalho e dos movimentos. Vamos à luta!
Aparece, amanhã, com o teu sindicato, o teu movimento, a tua associação, na manif organizada pela CGTP em Lisboa (Marquês Pombal) e no Porto (Praça Batalha), às 15h