JSD :: A demagogia e o vazio de ideias em análise

Hoje foi amplamente divulgada pelos media (ainda bem que estão atentos àquilo que de importante se vai passando), a acção de rua em que os jotinhas da JSD se faziam passar por Sócrates (realmente estavam parecidos) e entregavam uma espécie de Passaporte para o desemprego. Falavam de precariedade, de ensino, de bolsas, de falta de esperança… tudo o que sabe bem ouvir. O problema era apenas e essencialmente o governo de Sócrates (o tal com quem assinaram os PEC que não iam assinar).

Mas para além da demagogia de quem apoia o governo e divide o poder há décadas com o parceiro PS, vale a pena analisar as propostas da JSD sobre trabalho, precariedade ou segurança social. Na página dos jotinhas podemos observar coisas bem curiosas. Os jovens do JSD não dizem algumas palavras, por exemplo, não dizem que uma relação contratual é ilegal. Aliás, apenas aplicam a palavra ilegal (nas 70 páginas da Moção de Estratégia Global aprovada no último congresso da JSD), imagine-se, para os imigrantes e para as prostitutas, claro, palavras fortes, bem escolhidas para alvos. Mas vamos deter-nos mais um pouco sobre o que realmente pensam os jotinhas para além da demagogia de quem quer ser o novo Passos Coelho:
A integração profissional e segurança laboral dos jovens, estabelecendo como prioridade as expectativas de cada diplomado (pág. 8 e 9)
…Contudo, a precariedade laboral contamina hoje o mercado. Os jovens vivem hoje com uma expectativa verde do seu  futuro. Não verde pela esperança num futuro melhor, pois essa tende a esmorecer, mas antes pela cor dos recibos que legalizam uma qualquer relação laboral!
Errado jotinhas! Os recibos verdes não legalizam qualquer relação laboral, como bem sabem (e mal escrevem), é ilegal a sua utilização nos postos de trabalho efectivos. Quem são os responsáveis? Os patrões, jotinhas, os patrões. São eles que impõem as relações i-l-e-g-a-i-s de trabalho aos jovens. Pena é que não tenham percebido a diferença de adicionar uma letra i à palavra legal (talvez comecem a ter dificuldades, eu também tenho no PSd).
Devem ser criados incentivos fiscais para as empresas que apostem em relações laborais seguras e de longo prazo com os diplomados. (pág. 9).
Errado jotinhas! Os patrões, na sua maioria, são foras-da-lei, até prova em contrário. Qualquer que seja a
b-e-n-e-s-s-e (leiam o que diz Maria José Gamboa do PS) não chega quando a voracidade do lucro e o sentimento de impunidade se aliam. Portanto, bem podem apelar a que os patrões não tenham que pagar Segurança Social e IRC para que criem contratos de trabalho, eles (os patrões) pretendem não pagar nada sempre que puderem, como aliás, o vosso líder, Passos Coelho, que pretende ver as pessoas a trabalhar à borla para empresas ou instituições privadas três dias por semana, e chama a isso, tributo solidário. Compreendem? Chama-se e-x-p-l-o-r-a-ç-ã-o.
Para tal, deverá ser criado um regime de substituição do “acto único isolado”, mais flexível e moderno, que permita considerar todos os  part-times desenvolvidos pelos estudantes ao longo do seu percurso académico, como um trabalho temporário, que garanta assim a não perda dos direitos consagrados para jovens à procura do primeiro emprego, ao mesmo tempo que legaliza todo um conjunto de relações laborais que no presente se desenvolvem na clandestinidade. 
Pois é jotinhas… mas criar actos-únicos-isolados-e-flexíveis que não são únicos nem isolados só serve mesmo para garantir a desresponsabilização dos patrões relativamente às prestações sociais e à estabilidade do emprego e remeter legalmente os jovens para a precariedade e para a instabilidade. Percebe-se a intenção, mas não aceitamos, obrigado. Façam vocês actos-únicos-isolados no vosso grupo parlamentar quando vos apetecer e flexíveis no entendimento com o PS quando vos der jeito.
Devemos também pensar num regime de Segurança Social específico para os Profissionais das Artes do Espectáculo; Óptimo! Então pensem… nós esperamos.
No que se refere às pensões, tanto os governos como os cidadãos devem repensar as suas atitudes relativamente à reforma. Já vimos que a esperança de vida na União Europeia aumentou sensivelmente, enquanto que a idade efectiva de reforma baixou; 
Então pensemos: Cavaco Silva para além do ordenado de Presidente da República (mais de 7.000€/mês) recebe três pensões vitalícias, designadamente, do Banco de Portugal, da Caixa Geral de Aposentações e ainda uma subvenção vitalícia como ex-primeiro ministro. Pensemos ainda nas pensões vitalícias de Marques Mendes e de Manuela Ferreira Leite por terem trabalhado 12 anos (enquanto deputados). Ou então em Daniel Sanches, ex-ministro do PSD que se vai reformar com 7.316,45€ por mês, Eduardo Catroga (9.693 euros), Correia de Campos (5.524 euros) ou Luís Filipe Pereira (5.663 euros). Pensemos nas pensões certamente… pensemos.

Quando temos uma taxa progressiva como a actual no Imposto  sobre Rendimentos das Pessoas Singulares (IRS), em que quanto mais se ganha maior é o imposto colectável, estamos a criar um grande desincentivo ao trabalho e à criação de riqueza. Uma taxa fixa de imposto, única para todos, seria muito mais eficiente para promover o trabalho
Pois, malandros que não querem trabalhar só para poderem receber 600€ por mês e escapar-se aos impostos… malandros. Uma taxa cega que faz o médico pagar o mesmo que o operador de call-center era muito melhor e mais incentivadora de trabalho, principalmente para o médico… certamente. Boa ideia…
Ainda têm tempo para apontamentos de comédia non-sense. Vale a pena ver com os próprios olhos porque eles escreveram mesmo o que se segue na página 42:

Se um cidadão X ganha 1000 euros e gasta 100 euros, e outro cidadão Y ganha 300 euros e gasta os mesmos 100 euros, têm respectivamente o mesmo nível de vida, pois gastam apenas 100 euros. Porque é que X deverá ser mais taxado do que Y?
Fica registado o desprendimento material da JSD e a capacidade de poupança dos dois cidadãos, X e Y. Aliás, é comum ver Zeinal Bava e António Mexia a dirigirem-se para a cantina da E
DP ou da PT a partir das 13h30 para não apanharem muita fila. Ou às compras no Continente de Alfragide ao domingo, a beber um café no quiosque e a ler A Bola. Em todo o caso, e pelo outro ponto de vista, parece que mesmo que António Mexia ganhe 1.000 vezes mais do que um operador de call-center, não quer dizer que vá beber 3.000 cafés por dia. A resposta à pergunta da JSD é essa mesmo, X deve ser mais taxado do que Y porque António Mexia não bebe assim tanto café. Se não perceberem, enviem um mail para o PI que nós explicamos doutra forma.

A aplicação de coimas no caso de não cumprimento da divulgação de dados salariais, a requerer pela Inspecção do Trabalho ou organismo competente em matéria de Igualdade;
Errado jotinhas. Já não existe Inspecção Geral do Trabalho desde 2007. Sabemos que é uma notícia recente, mas vale a pena alterar um documento de referência como a moção orientadora da JSD.

Qualquer coisa, apitem.

rUImAIA

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