Manifestação de solidariedade com o povo português em greve contra a austeridade
Por ocasião da Greve Geral de 22 de Março, foi publicado num blog que se declara “Um exílio cultural para jovens portugueses em Paris” um texto convocatório para a manifestação de solidariedade ao povo português que se realizou nessa capital europeia. O texto faz um bom apanhado do que é hoje em dia a realidade social e política em Portugal, demonstrando-nos que a Europa está atenta ao que se passa no nosso país, que os emigrantes portugueses estão lado a lado connosco nesta luta, e que nem todos se revêm nas políticas que envenenam a Europa actual.
Manifestação de solidariedade com o povo português em greve contra a austeridade
Publicado a 20 de Março, 2012 pela Carla em http://bidonvilleportugais.wordpress.com/2012/03/20/manifestation-de-solidarite-avec-le-peuple-portugais-en-greve-contre-lausterite/
Traduzido por Rita Peixeiro dos Precários Inflexíveis
«As medidas impostas pela Troika (UE, BCE, FMI) na Grécia, na Irlanda e em Portugal mergulharam estes países no caos e na miséria. Duma ponta à outra da Europa, naufragamos todos no mesmo barco. De Portugal à Grécia, a democracia deixa de fazer sentido se os Estados e os governos desses países estão ao serviço dos banqueiros.
Em Portugal, o último destes países a ser colocado sob a tutela da Troika (um ano depois da Grécia, seis meses depois da Irlanda) o salário mínimo é de €485 brutos e é o mais baixo da Europa; o desemprego toca 15% da população e 35% dos jovens. 23,3% dos trabalhadores assalariados estão ligados à entidade patronal por um Contrato de Trabalho a Termo Certo ou por um contrato precário (54,6% dos 15-24 anos). Inversamente, todos os preços têm aumentado de forma exponencial. A gasolina, por exemplo, é mais cara do que em França. Neste momento, 25% da população portuguesa vive abaixo do limiar da pobreza.
As medidas de austeridade impostas pela Troika e pelo governo são tão duras como na Grécia e na Irlanda. Os subsídios sociais e as reformas, já miseráveis, diminuíram de forma drástica. Os cortes orçamentais são impostos na Saúde como na Educação. Os doentes com cancro já não podem prosseguir com os seus tratamentos, dezenas de hospitais no país estão em ruptura de stock de medicamentos e chegámos mesmo a não poder fazer operações cirúrgicas por falta de compressas. O Ministério da Cultura foi eliminado, os transportes e os media públicos foram privatizados. Numerosos funcionários foram despedidos da noite para o dia.
A nossa solidariedade é um apoio activo aos povos da Europa em luta contra a austeridade. Da mesma forma que os media silenciam a realidade das lutas do povo grego, eles escondem igualmente a realidade social e política de Portugal. Já há meses que a sociedade tem vindo a manifestar a sua indignação. O movimento de trabalhadores precários é um dos mais fortes da Europa. Até os militares tomaram posição em várias ocasiões contra os cortes orçamentais.
O povo português está a ser empurrado pelo seu próprio governo para uma emigração forçada. O actual Primeiro-Ministro português Passos Coelho incitou abertamente os desempregados a emigrar e vários membros do governo exortam há meses os jovens a fazer o mesmo. Em 2011, mais de 120 000 portugueses emigraram, números semelhantes aos dos anos 60 em que os portugueses fugiam à guerra colonial e à miséria imposta pela ditadura de Salazar.
A política da Troika (UE, BCE, FMI) e do casal Sarkozy-Merkel submete todos os povos europeus a condições de vida deploráveis. Eles não nos representam.
No dia 22 de Março manifestemos a nossa solidariedade para com o povo português, que nesse dia estará em Greve Geral contra a austeridade.
Somos todos portugueses!
Construamos uma greve geral europeia!
Signatários:
Le Mouvement du 12 Mars – Paris, L’initiative des étudiants et des travailleurs grecs à Paris, Les Indignés, Le “Bloc de Esquerda” – France, SUD – Solidaires, Europe Écologie – Les Verts, La Fondation Copernic , NPA, FASE, Les Alternatifs, Les marches européennes contre le chômage la précarité et les exclusions, AC !, Attac, Alternative Libertaire»