Na Itália e na Grécia a democracia foi suspensa para acalmar os mercados

Nos últimos dias Papandreou, primeiro-ministro grego, e Berlusconi, primeiro-ministro italiano, foram afastados do poder para que os mercados possam “acalmar”.

Na Grécia, o primeiro-ministro demissionário anunciou há pouco mais de uma semana que iria promover um referendo acerca do segundo pacote de “ajuda” financeira à Grécia, que havia sido aprovado na Comissão Europeia apenas dias antes e que previa medidas de austeridade duríssimas e a figura de um fiscal alemão que iria supervisionar a sua aplicação. No entanto, este referendo serviu apenas para enterrar Papandreous, pois a pressão que sentiu por parte da União Europeia e pelos poderosos gregos o obrigou a recuar e mesmo a demitir-se.

Hoje toma posse o novo primeiro-ministro grego Lucas Papademos, que é um antigo vice-presidente do Banco Central Europeu.

No caso de Itália, é sabido que Silvio Berlusconi era um péssimo primeiro-ministro, tendo tomado, por diversas vezes, decisões no sentido contrário aos interesses dos trabalhadores e dos cidadãos. No entanto, il cavalieri nunca saiu do poder pela pressão popular, mas bastou a “turbulência dos mercados” para que este aceitasse demitir-se. Agora, em tempo recorde, já se sabe quem é que será o próximo primeiro-ministro italiano: Mario Monti, ou Super Mário – ex-comissário de Concorrência da União Europeia.

A mensagem que a UE dá ao mundo é clara: suspenderemos a democracia sempre que as pessoas que estiverem a implementar o regime de austeridade vacilarem na sua tarefa ou não agradarem aos “mercados”. São sinais preocupantes.

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