Nuno Crato recua no estatuto do bolseiro

Depois de em Setembro deste ano, ter sido publicado o novo estatuto do bolseiro de investigação científica, que entre outras coisas, proibia o lecionamento de aulas aos bolseiros de investigação, passados 2 meses o Ministério da Educação e Ciência (MEC) volta atrás na proibição da docência remunerada, uma medida em todas as suas vertentes injusta. 
O novo estatuto do bolseiro (ver aqui) limitava a docência remunerada por parte dos Bolseiros de Investigação Científica (BIC) que não poderia exceder as quatro horas semanais ou no caso de bolseiros de pós-doutoramento, só poderia ser exercida sobre doutorandos e se estritamente relacionada com o plano de estudos avançados.

Esta medida foi mal recebida por ambas as partes envolvidas, bolseiros e instituições, as quais nem foram consultadas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Esta medida era injusta para bolseiros, que por não verem as suas bolsas serem atualizadas desde 2002, acumulavam atividades de docência para adicionar algum rendimento às suas parcas bolsas, viam-se agora impossibilitados de o fazerem, Mas também para as instituições que não têm ordem para contratar novos professores e que contavam com estes bolseiros para lecionar essas mesmas aulas. 

Esta situação deu origem a instabilidade no inicio do ano letivo, uma vez que muitos bolseiros já estavam a lecionar aulas em licenciaturas, sob ameaça de perderem as suas bolsas de investigação. Alguns pararam de dar aulas quando foram encostados à parede com o regime de exclusividade no novo estatuto do bolseiros, ficando as instituições sem ninguém para dar essas mesmas aulas. O ministro Nuno Crato vem agora diferir esta medida por mais um ano, resolvendo apenas temporariamente o problema. 
Os bolseiros de investigação científica, que em muitos casos o são por não existir uma carreira de investigação científica que dê origem a contratos de trabalho e a progressão na carreira, enriquecem o nome das instituições que os acolhem e a investigação em Portugal.
No seguimento das várias ofensivas que têm sido feitas aos bolseiros, que pela “sua natureza são trabalhadores precários” como Crato referiu, a 27 de Outubro nas jornadas parlamentares da Coligação do Governo PSD-CDS, a Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis, em conjunto com a Comissão de Bolseiros da FCUL e de Aveiro (Organizações promotoras da Carta Aberta “Sem ciência não há futuro”) organizam um ciclo de debates nacionais “Debates pelo futuro dos bolseiros” que se iniciam na próxima 4f, dia 7 de Novembro na FCUL, em Lisboa.
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