OCDE quer trocar menos salário e mais precariedade por flexibilização do tempo da meta do défice

Angel Gurria, Sec. Geral da OCDE
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico lançou esta quinta-feira o seu relatório anual sobre Portugal e as páginas dos jornais foram invadidas pelas “recomendações” desta organização. A OCDE defende então que é impossível o Governo cumprir a meta do défice de 4,5% acordado com a troika e que o prazo para o Estado português atingir este objetivo deve ser flexibilizado. Esta posição vai ao encontro do que também havia sido defendido pelo FMI, mas a OCDE afirma no seu relatório um trade off implícito: terão mais tempo, mas façam mais reformas na legislação laboral e cortem no 13º e 14º salários não só do setor público, mas também dos privados.


A organização mundial afirma que “A protecção no emprego para os trabalhadores permanentes continua acima da média” e, “dada a fraca performance do mercado laboral, é preciso fazer mais”, ou seja, à semelhança do Governo e da troika, a OCDE defende que a precariedade deve ser para todos. E nem o escondem muito, pois defendem literalmente a abolição de uma suposta dualidade no mundo do trabalho entre os precários e os não precários. Para tal “sugerem” o alargamento do período experimental dos contratos para 6 meses e ainda uma maior redução do subsídio de desemprego.

Quanto aos subsídios de férias e de natal, a organização dos países desenvolvidos diz que um corte total para toda a população é “razoável”, mesmo que se faça através de um imposto extraordinário.

Nota-se a confluência do discurso fundamentalista do regime da austeridade nas organizações internacionais, o que nos faz pensar que também os movimentos sociais e os sindicatos têm de apresentar alternativas internacionais à destruição das vidas das populações afetadas pela crise que vivemos.

Facebooktwitterredditlinkedintumblrmailby feather