Opinião: A troika da pobreza e da loucura
Foto: RTP |
Na reunião de hoje com patrões e sindicatos o representante da Comissão Europeia na troika, Jurgen Kroger, afirmou que o programa de ajustamento, que teve até agora, soubemos recentemente, o efeito de um défice de 6,9% no primeiro semestre, é da responsabilidade do governo. O governo, que sempre se gabou der ser bom aluno, mas que é apenas um bom cábula dos livros do professor, levou portanto uma repreensão quando se começa a perceber a insanidade austeritária que, além de destruir a economia e a vida das pessoas, também não funciona no que diz respeito às contas públicas.
O presidente da República pronunciou-se, entre as trapalhadas da RTP, dizendo que não há margem para mais austeridade. Volta portanto as costas ao governo fanático do PSD, que através da sua J, lá vem propondo mais desemprego e mais precariedade, propondo um modelo de mini-empregos, com mini-salários e sem direitos. O deputado Duarte Marques diz que a JSD vai propor “um modelo de novos recibos, chamados mini jobs, para que os estudantes possam, e outras pessoas que estão desempregadas, trabalhar algumas horas por semana”, mas sem “a grande carga burocrática e fiscal” que “muitas vezes afasta muita gente e alimenta a economia paralela”. Este modelo, como o modelo de novos recibos introduzido pelo PSD há 2 décadas, o dos recibos verdes, também se propunha acabar com a carga burocrática (leia-se contrato, e consequentemente, direitos) e fiscal (diga-se, um sistema universal de Segurança Social cujos fundos são já tão cobiçados).
Na Grécia a mesma troika que aqui diz que a austeridade a mais é do governo vai defendendo o fim da semana de trabalho de 5 dias, propondo que o sábado comece a ser dia de trabalho, sem remuneração extra. Uma excelente medida para aumentar o desemprego e desvalorizar ainda mais o valor do trabalho-hora. Propõe ainda reduzir o período de descanso entre turnos para 11 horas. A troika que aqui descarta a responsabilidade para cima do governo, lá tenta ir além do memorando. A insanidade faz parte da sua economia, e consequentemente também da sua acção.
Terminando no tom da loucura, chegamos ao seu apogeu: Pedro Passos Coelho. Tendo falhado em todas as suas promessas, vendo os seus ministros começarem a voltar-se contra si, renegando ideias anteriores e vendo todas as metas que propõs esfumarem-se, depois de há pouco tempo ter prometido o fim da crise para 2012, e vendo o presidente a troika puxar-lhe o tapete atirando-lhe a culpa do desemprego e do défice para cima, o antigo presidente da JSD vem garantir que o Governo levará “o programa da troika até ao fim” e o “mais rápido possível”, colocando assim de parte a possibilidade do Governo pedir uma flexibilização das metas definidas no programa de entendimento. Pedro Passos Coelho cada vez mais se parece com George W. Bush: a realidade é para ele apenas um detalhe, as suas convicções valem muito mais do que o mundo real e, destruindo o que tiver que destruir, mantém hoje aquilo que planeava há anos – uma guerra.
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