Passos Coelho descredibiliza protestos com mitos do Estado Novo

Sem TítuloPedro Passos Coelho expressou hoje a sua admiração pelo bom comportamento do povo português que, não estando representado nos recentes protestos aos ministros do seu Governo, tem enfrentado as grandes dificuldades de forma exemplar e madura. O Primeiro Ministro, em consonância com as declarações oficiais do Governo, sublinha não só o repúdio pelos protestos como insiste em acreditar ou querer fazer acreditar que os portugueses não se espelham naquilo que o próprio descreve como “comportamentos pontuais e não representativos da sociedade portuguesa”.

Com estas declarações, proferidas hoje em Viena, o Primeiro Ministro quer desenterrar um dos mitos orquestrados pelo Estado Novo, mito esse que, pela mão de António Ferro, caracterizava os portugueses como um povo de brandos costumes.

Não sabemos se Passos Coelho acredita realmente nas próprias palavras, sabemos é que quer vender-nos um mito, recorrendo a uma estratégia velha já aplicada pela ditadura e que o único efeito que tem é o reforço da total alienação e fanatismo deste Governo.

O filme “Brandos Costumes” de Alberto Seixas Santos (filmado em 1972) tem uma cena inicial na qual um grupo de amigos sentados à mesa de um café especulam e sugerem as melhores formas de matar um homem (que facilmente percebemos que estão a falar de Salazar), um deles diz: “quando ele fosse ao cinema…” é interrompido com fortes gargalhadas: “ele não vai cinema!”.

E Passos Coelho também não vai ao cinema, constrói a sua própria fantasia. Uma fantasia que insiste num regime de austeridade que nos estrangula todos os dias.

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