Pedro Branco, Holanda :: Investigadores pelo Mundo

banner dossier investigadoresPublicamos mais um testemunho da série “Investigadores pelo Mundo”. Este conjunto de publicações pretende demonstrar que não só as condições de trabalho de investigadores em Portugal, sujeitos a uma enorme precariedade, não é a única solução, como que esta mesma situação acaba por levar à fuga de cérebros da geração mais qualificada em Portugal, que busca no exílio melhores condições laborais.

Este testemunho de Pedro Branco, a terminar o doutoramento na Holanda, onde todos os profissionais de investigação têm contratos laborais.

Relembramos que no próximo sábado, dia 22 de Junho, às 20h, haverá o encontro “Bolseiros pelo Mundo” no MOB (o evento no facebook esté aqui), com jantar e conversa. Podes inscrever-te no jantar (5e) para o e-mail: precariosinflexiveis@gmail.com.

Pedro Branco, Holanda

1.Que investigação fazes ( IC, PhD, pós doc, etc), área profissional, e o teu trabalho está integrado num projecto de investigação mais amplo ou é um projecto individual?

Sou doutorando em Biologia na Universidade de Amesterdão. O meu trabalho insere-se num projecto de investigação individual por mim delineado.

2. Que tipo de vínculo contratual tens (bolsa, contrato, etc)? Financiado por quem? Sempre foi assim?

Recebi uma bolsa de doutoramento pela Fundação para a Ciência e Tecnologia durante quatro anos, e trabalharei sem remuneração até ao final do meu doutoramento.

3. Que tipo de vínculo têm os teus pares (colegas de laboratorio, professores, orientadores)?

No meu grupo de investigação trabalham mestrandos, doutorandos, pós-docs, professores e técnicos de laboratório. Todos são remunerados pelo seu trabalho, excepto os mestrandos. Os doutorandos geralmente têm contratos de trabalho com duração de quatro anos, no qual está previsto dedicarem 20% do seu horário ao ensino. Os pós-docs geralmente têm contratos de trabalho com duração de três anos, com mais tempo dedicado ao ensino do que os doutorandos. Os professores inicialmente enfrentam um período de “tenure track” com duração de cinco anos, após o qual são avaliados e, consoante o seu desempenho, poderão obter uma posição permanente na universidade. Regra geral, os professores repartem o seu tempo de trabalho entre o ensino, a investigação e a administração do laboratório. Não sei que tipo de contrato de trabalho têm os técnicos de laboratório, mas presumo que seja de carácter permanente.

4. Baseando-te na tua experiência, quais as principais diferenças que encontras relativamente à investigação em Portugal?

Nunca fiz investigação em Portugal, portanto não me cabe fazer comparações entre Portugal e a Holanda no que diz respeito a este tipo de trabalho.

5. Tens apoio para fazer uma temporada/trabalho de campo noutro instituto/país para melhorar a investigação que fazes?

Tive a oportunidade de visitar um outro laboratório durante o meu doutoramento. Os custos de deslocação e alojamento foram pagos pela instituição acolhedora.

6. Qual a percepção pública dos investigadores no país onde trabalhas?

Segundo me parece, a investigação na Holanda é vista como mais uma actividade profissional a acrescentar a muitas outras. Tal não espanta, pois aqui os investigadores gozam de direitos e têm deveres comparáveis aos de outros profissionais.

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