Precariedade no Piaget

Nos meus curtos anos de vida, podia quase escrever umas memórias, más, de experiência profissional.
São muitas as empresas por onde já passei, e na sua maioria, todas ofereciam trabalho precário de alguma forma. Fosse a recibo verde, em falsos vencimentos declarados às Finanças ou qualquer outra coisa que se lembrassem de inventar.
Inspecções, nunca as vi.

Um das empresas foi o Instituto Piaget, essa universidade privada que cobra certamente propinas altas aos seus estudantes, para depois possuir os seus escritórios administrativos num prédio de habitação degradado. No coração da Zona J, em Chelas. Sem quaisquer condições: desde fios eléctricos presos por fita-cola ao tecto, paredes e chão, a pessoas ao colo umas das outras. Higiene, nem vê-la. E com roubos à porta para animar o dia.
Recibo verde, ordenado mísero, 9 horas a cumprir e tudo o resto que já conhecemos e que é habitual.
Foi só mais uma para acrescentar à lista que aumenta a frustração de anos a estudar para ganhar 500 euros em condições verdadeiramente dignas de escravatura.
Consegui fugir, para outro recibo verde.
Mas outros lá ficaram.

Assinado: Reciboverde

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