Precários Inflexíveis defendem o Mural Político. A rua é nossa.

Esta semana, a CDU pintou um grande mural nas escadas monumentais de Coimbra, mural que crítica as propinas, a implementação do processo de bolonha, e apela ao voto nesta coligação. Um conjunto de estudantes organizou-se ontem para protestar contra esta acção designando-a como um acto de vandalismo. Mas como foi possível em tão poucos anos crescer um grupo de estudantes (felizmente minoritário), que se revê nas ideias mais conservadoras e reaccionárias, e que perante uma acção de divulgação política grita a plenos pulmões: ”VANDALISMO!” ? Vandalismo dever-se-ia gritar contra propinas de 1000 euros, contra a entrada do FMI, e contra a todo o retrocesso no que concerne aos direitos sociais.

Os Precários Inflexíveis organizaram no passado dia 26 de Março um debate sobre graffiti e mural político (ver aqui), exactamente porque sentimos que existe uma ofensiva ideológica contra todos os que pretendam expôr as suas ideias na rua através do mural político. Conseguiu-se construir a ideia de que pintar mural político é um comportamento desviante, e que colar cartazes e distribuir panfletos equivale a sujar a cidade. Claro que por trás desta ideia, o objectivo central é ter uma cidade de superfície plana, com pouco ruído, onde a publicidade comercial possa sobresair sem qualquer interferência. Isto faz com que qualquer objecto de propaganda política retira valor comercial ao espaço público, tornando-o menos apetecível para as empresas que o pretendem comprar. Alguns partidos e candidatos gabam-se de não ocupar o espaço público com propaganda, mas quantas escadarias teriam que ser pintadas para combater em pé de igualdade com esses tais partidos que abdicam do espaço público mas controlam o discurso domintante veiculado nos meios de comunicação social?

Muitos referem que a escada é património, mas importa ressalvar que esta pintura não é irreversível, não provocou qualquer dano, e como afirmou o militante da CDU, as primeiras chuvas encarregar-se-ão de limpar a pintura. Difícil seria alías qualquer tentativa de conservação deste mural, e importaria até lançar a discussão se este não é esteticamente um dos melhores murais feitos em Portugal nos últimos anos.

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