Presidente da FCT quer acabar com Investigação

Este Domingo, o jornal Público publicou um dossier especial sobre a Crise na Ciência, do qual destacam-se a entrevista a Miguel Seabra, presidente da FCT, e uma carta aberta ao ministro da Educação e Ciência.

Foto: Público
Foto: Público

Na entrevista a Miguel Seabra, encontram-se algumas pérolas que mostram quão afastado Miguel Seabra está daquilo que é o panorama actual da investigação em Portugal e como essa forma propositadamente enviesada, o colocam como um dos actores principais do colapso da Investigação em Portugal.

Miguel Seabra não tem medo de ser dos poucos a colocar-se ao lado do governo nesta matéria: “Não há um desinvestimento em ciência” suportado com o aumento de 1% nos gastos da FCT (de 410 para 416 milhões entre 2011 e 2012) e nos dinheiros europeus vindos do sétimo Programa-Quadro. Mas logo confessa que os dinheiros europeus não são investimento real, mas apenas uma estimativa. E esconde o corte brutal de 30% no Orçamento do Estado para as Universidades desde 2011, e de 14% no orçamento da FCT, que no último Orçamento sofreu o corte de 12 milhões de euros, para os 404 milhões de euros.

Mas, nesta entrevista muito bem conduzida, Miguel Seabra é confrontado com o único indicador comparável que mede o esforço do Estado português em investigação: investimento em percentagem do PIB.
Desta vez Miguel Seabra não ousa desmentir os números (1,64% em 2009, 1,5% em 2012) mas desvenda a sua principal obsessão: “queremos é que a ciência portuguesa esteja cada vez menos dependente do Orçamento do Estado.”

Investigadores denunciam o desinvestimento em carta aberta e respondem na rua
A carta aberta assinada por investigadores e professores universitários como António Costa Pinto (ICS), Diogo Ramada Curto (FCSH) e Manuel Sobrinho Simões (Ipatimup) põe o dedo na ferida sobre os “cortes brutais de financiamento público” em “centros, laboratórios, programas de investigação e candidaturas a bolsas” que este Governo tem feito.

A carta endereçada ao ministro chama a atenção do perigo destes cortes que põem em risco o “edifício da investigação científica construído em Portugal nas últimas décadas”, que está neste momento a ser desmantelado pelo ministro Nuno Crato, permitindo que “os escassos recursos sejam canibalizados pelos interesses mais poderosos”. Pelo contrário, no entender destes responsáveis científicos, o modelo científico desenvolvido em Portugal devia estar a ser reforçado, já que até agora foi desenvolvido “à custa de trabalho precário, contratos de poucos anos, chegando até aos cinco meses para cobrir apenas o semestre”.

A carta incide também sobre a falta de clareza e transparência dos critérios e processos de avaliação dos concursos da FCT. Por estes mesmos motivos, a “Plataforma em Defesa da Ciência e do Emprego Científico em Portugal” já declarou que iria impugnar o concurso investigador FCT 2013, enquanto o SNESup manifestou a intenção de agir juridicamente contra o concurso de bolsas de doutoramento e pós-doc 2013.

Hoje no Porto, Coimbra e Lisboa, os investigadores voltaram à rua para exigir mais clareza nos concursos FCT e, acima de tudo, que o governo retome o financiamento do número de bolsas de 2012.

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