Saúde dos trabalhadores destruída pela crise e pela perseguição no trabalho

Têm sido divulgadas algumas notícias nos últimos dias que associam à crise a degradação das condições de vida e de saúde dos trabalhadores. Segundo Luís Nascimento Lopes, Coordenador Executivo para a Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho da Autoridade para as Condições no Trabalho, devido à crise, a partir de 2014, os factores psicossociais como o stress, a violência e o assédio moral ou sexual, serão o primeiro factor no que diz respeito ao absentismo do local de trabalho em Portugal. Os comportamentos revestem-se de um carácter “quase íntimo” e “são muito difíceis de detectar” por alguém exterior. “Mais do que o médico do trabalho, quem os pode detectar e avaliar muito melhor é o colega do lado, já que um dos principais indicadores é a alteração comportamental”, referiu. José Luís Forte, o presidente da ACT, aponta também o aumento de acidentes no trabalho como sendo resultado da crise económica e social: “Com certeza que o atual contexto económico é a grande causa. Os trabalhadores agora produzem debaixo de uma grande pressão e os acidentes, naturalmente, acontecem mais porque há uma tendência para uma menor atenção“.

Já durante a passada semana, alguns especialistas da área da saúde tinham associado o aumento do número de mortos com a crise económica. O ex-director-geral da Saúde e professor da Escola Nacional de Saúde Pública, Constantino Sakellarides, o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Mário Jorge Santos, defendem que os efeitos da crise económica e do aumento das taxas moderadoras propiciam o aumento da mortalidade: “O facto de as pessoas viverem com mais dificuldades”, sentidas no acesso “aos medicamentos e à saúde”, e de terem a “electricidade mais cara”, são “hipóteses plausíveis”.  Entre 20 e 26 de fevereiro de 2012, cerca de 3000 pessoas morreram. Em duas semanas, houve mais de 6000 óbitos. 
Esta crise económica é também uma crise social. Mas os resultados da crise e as escolhas políticas sobre o mundo do trabalho, sobre a Segurança Social ou sobre o Serviço Nacional de Saúde, são escolhas de fundo, com opções diferentes, no panorama político nacional. Se por um lado sabemos que não é possível apontar a responsabilidade directa pelas mortes e pela perseguição nos locais de trabalho a um qualquer responsável político, por outro, sabemos que as políticas podem ser criminosas, quando protegem as empresas em nome do lucro, em vez de proteger as pessoas em nome de todos. Sabemos, enquanto trabalhadores precários ou desempregados, estudantes ou investigadores, que é muito mais difícil enfrentar os interesses das grandes empresas e da banca quando estas procuram permanentemente a exploração sem limites e a precarização do trabalho e da sociedade. Mas não aceitaremos que, em nome do mercado e das companhias, em nome dos lucros e das bolsas, se tomem opções que trazem consigo crimes sem assinatura, injustiças inevitáveis ou perseguições impunes. 
No dia 22 estaremos a construir e participar na Greve Geral, porque sabemos que há alternativas e não nos conformamos com a vitória da injustiça e da desigualdade.
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