Testemunho: pediram-me que pagasse 1500€ para poder ir para lá trabalhar a recibo verde
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Foto: http://www.portalangels.com/ |
Hoje fui a uma entrevista numa empresa chamada “Decisões e Soluções”. Ouvi falar desta empresa porque um colega foi a uma entrevista e disse-me que se ganhava muito dinheiro. No entanto, este colega pensou que não tinha perfil e decidiu não continuar a série de entrevistas que o esperavam. Consultei o site da empresa na internet http://www.decisoesesolucoes.com/ e gostei e, portanto, decidi enviar candidatura espontânea. Pesquisei ofertas de emprego desta empresa e verifiquei que a agência de Ponte de Lima tinha colocado um anúncio.
Enviei currículo para esta agência, tendo esta respondido prontamente marcando uma entrevista. Entretanto, recebi uma chamada devido à candidatura espontânea que enviei. Pensei que era realmente estranho estarem mesmo a precisar de pessoas já que, segundo o meu colega, era bem remunerado. Compareci hoje à entrevista em Ponte de Lima. Quando cheguei o entrevistador (muito jovem) estava muito nervoso e parecia que tinha um discurso preparado para mim. Ouvi-o com atenção e coloquei algumas questões. O trabalho seria para consultor financeiro mas numa perspectiva muito comercial como trabalhadores independentes. Passados 20 minutos, apresenta-se o diretor da agência. Bem, isto deve estar a correr bem (ou não). O diretor da agência começa a falar… e nisto vão 20 minutos… tentei falar mas ele não parecia interessado no que eu tinha para dizer e deixei-o continuar… continuou a falar da empresa e que estavam sem tempo para fazer várias entrevistas e iam resumir tudo a uma só entrevista… nisto vai uma hora… bem, ele quer trabalhar com alguém de quem não quer saber nada?! … isto é estranho… nisto vai uma hora e meia… “Isto tudo pagando uma jóia irrisória no valor de 1500 euros”… É este o país que temos! Já pagamos para podermos trabalhar a recibos verdes! Esta agência estava tão desesperada que estava a dizer na primeira entrevista que os candidatos teriam que pagar 1500 euros para terem o privilégio de trabalhar e ainda pagando ao estado como trabalhador independente! No entanto, nas restantes agências aproveitam-se da situação de desempregado, obrigando o candidato a manter o vínculo à empresa e levando-o a comparecer a várias entrevistas para que acredite que de facto há uma triagem e que ele foi escolhido para que possa pagar 1500 euros para trabalhar a recibos verdes! Vergonha!







Também passei por essa empresa, mas como entrevistadora, que eles chamam de gestora de recursos humanos. Fui à entrevista que tinha presente a directora da agência e a coordenadora regional, 1h de entrevista onde só ela falava e nitidamente parecia que me vendia alguma coisa. Para esta função, de gestora de recursos humanos, não se paga o tal “direito de entrada”, como é apresentado no testemunho para o consultor, mas é também a recibos verdes e só ganharia dinheiro se recrutasse algum consultor.
Fui seleccionada e aceitei, estava desempregada, era uma forma de ocupar o tempo e era uma oportunidade de trabalhar na minha área, sempre ganhava experiência e era algo mais para colocar no CV, nunca achei que fosse ganhar dinheiro com isto, como se veio a verificar.
Estive nesta função 5 meses, nunca tive o discurso que queriam que eu tivesse e queriam que dissesse coisas “como a empresa é prestigiante e como iriam ganhar muito dinheiro, o mercado não estava assim tão mal e havia muitas oportunidades de negócio”, enfim, apresentava as coisas como elas eram e sempre ouvi os candidatos. Achava aquilo uma parvoíce, mas fui-me deixando ficar para ocupar o tempo e deixar de andar a bater com a cabeça nas paredes.
olá, mariana e ana bastos. sou jornalista do dn e estou a investigar este caso. será que podemos falar? posso ser contactada em fernandacanciodn@gmail.com
Parece me que esta empresa nao quer saber nada sobre as qualidades e qualificacoes dos candidatos. .mas sim que paguem unicamente para irem supostamente trabalhar. ..este pais é uma vergonha!
Ha uns anos tb fui a uma entrevista para esta empresa, nao me pediram dinheiro mais disseram me que era um trabalho de 40h semanais e que o ordenado era de acordo com as minhas comissoes, nao tinha ordenado base! Nao aceitei e ate 2 meses a seguir a entrevista recebia esporadicamente tentativas de contacto do entrevistador a tentar aceitar a proposta. ..
Apesar de não estar associado a esta empresa devo deixar a minha observação.
O que se trata é de um franchise, com comissionamento por negócio gerado e com várias unidades comerciais espalhadas pelo país.
Cada unidade é um negócio independente do ponto de vista jurídico e contabilístico.
Ou seja, não existem horários ou outros elementos comuns a uma actividade por conta de outrem, como tal não se inserindo no típico caso de precariedade ou abuso patronal.
Julgo que os testemunhos apresentados são de pessoas que não tomaram o tempo necessário para conhecer a empresa, antes sequer de se deslocarem a uma entrevista de emprego.
De qualquer modo, valorizem o vosso tempo, investiguem as empresas às quais se candidatam e verifiquem se o trabalho que desenvolvem se adequa às expectativas profissionais.
Precariedade existe e muita, no entanto não a confundam com erros de diligência.
Votos de sucesso profissional a todos.