1º de Maio – somos a maioria: a que sonha poder viver

Somos a maioria que acorda na casa que mal pode pagar, que corre para o trabalho que custa cada dia mais e vale cada dia menos, que almoça na marmita encolhida os restos do jantar e chega ao final do dia com o cansaço no corpo e o sonho nos olhos.

Somos a maioria que sonha ter vida além da precariedade, ver notícias de um mundo sem guerras, ter salário para além da inflação, ter cultura sem comprometer a habitação, habitar na cidade onde escolheu viver, ouvir histórias de opressão com verbos conjugados no passado.

No mundo dos nossos sonhos não há salário diferente para diferentes géneros ou origens, o privilégio não define classes e direitos distintos; há lugar para toda a gente em todos os lugares onde a gente faz falta – no salão, no porão, no balcão…; os nossos empregos já não são orientados para o lucro despreocupado com a destruição que causa, mas estão em sintonia com o planeta em que habitamos; o cuidado das pessoas e das casas já não são tarefas de algumas e deixaram de ser um privilégio doméstico para ter uma resposta social.

Este é um mundo de sonho que parece entrar em conflito com o mundo de outras maiorias. Quando a maioria dos que lucram com o nosso trabalho tem a força para condicionar as leis laborais, o país fica pior para a real maioria que somos nós. Quando a maioria que governa finge preocupação com os problemas do país e apenas propagandeia slogans que são verbos de encher, o país fica pior para nós. Mas nós somos a maioria que luta para viver e sonhar.

Somos a maioria que tem a memória de gerações que construíram os nossos sonhos. E somos a que sai à rua não só pelas memórias, mas pelo futuro.

No 1º de maio, Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, encontramo-nos às 14h no Intendente (em Lisboa) e na Praça do Município (no Porto), com a nossa colorida diversidade, com os nossos papéis múltiplos e os nossos sonhos encontrados, para depois integrarmos as manifestações organizadas pela CGTP, em ambas as cidades.

Junta-te!