32 personalidades exigem que Passos mude posição sobre a Grécia
São economistas, cientistas, políticos, embaixadores e outras personalidades e assinaram uma carta dirigida ao Primeiro-ministro onde manifestação a sua preocupação face à posição do Estado português relativamente ao que se está a passar na Grécia.
Acusam Passos Coelho de querer ver a austeridade inalterada, quando já se percebeu que o caminho “é contraproducente”. Para estas 32 pessoas é também do interesse de Portugal uma solução multilateral para o problema das dívidas, porque é esse fator que tem sufocado o crescimento económico e criado desemprego massivo e deflação.
Lê a carta na integra aqui:
Carta ao primeiro-ministro de Portugal
As cidadãs e os cidadãos abaixo-assinados manifestam a sua preocupação quanto à posição do Estado Português no Conselho Europeu de hoje. Tem o primeiro-ministro declarado que, mesmo perante a grave crise humana que se vive na Grécia, a política de austeridade prosseguida se deve manter inalterada. Os factos têm evidenciado que este caminho é contraproducente.
Não temos dúvidas de que a Europa vive uma situação difícil, pelas tensões militares na sua periferia e pelos efeitos devastadores de políticas recessivas que geraram desemprego massivo, o aumento do peso das dívidas soberanas e deflação, abalando assim os alicerces de muitas democracias. Este momento exige por isso uma atitude construtiva, que conduza a uma cooperação europeia de que Portugal não se deve isolar.
Para evitar uma longa depressão, a União tem de combater a incerteza na zona euro e, para tanto, precisa de uma abordagem robusta que promova soluções realistas e de efeito imediato. O momento atual oferece uma oportunidade que não pode ser desperdiçada para um debate europeu sobre a recuperação das economias e das políticas sociais dos países mais sacrificados ao longo dos últimos seis anos.
É por isso também do interesse de Portugal contribuir ativamente para uma solução multilateral do problema das dívidas europeias reduzindo o peso do serviço da dívida em todos os países afetados, que tem sufocado o crescimento económico, agravando a crise da zona euro. Pela mesma razão, é ainda necessário que Portugal favoreça uma Europa que não seja identificável com um discurso punitivo mas com responsabilidade e solidariedade, que não humilhe estados-membros mas promova a convergência, que não destrua o emprego e as economias mas contribua para uma democracia inclusiva.
Estamos certos, senhor primeiro-ministro, de que agora é o tempo para este apelo à responsabilidade numa Europa em que tanto tem faltado o esforço comum para encontrar soluções para uma crise tão ameaçadora.
Adriano Pimpão
Ana Rita Ferreira
António Bagão Félix
António Franco
António Sampaio da Nóvoa
Carlos César
Diogo Freitas do Amaral
Eduardo Ferro Rodrigues
Eduardo Paz Ferreira
Fernando Melo Gomes
Francisco Louçã
Francisco Seixas da Costa
Helena Roseta
Lídia Jorge
João Cravinho
José Pacheco Pereira
José Maria Castro Caldas
José Reis
Manuel Carvalho da Silva
Maria Mota
Mariana Mortágua
Mónica Bettencourt Dias
Paulo Trigo Pereira
Pedro Adão e Silva
Pedro Lains
Ricardo Bayão Horta
Ricardo Paes Mamede
Ricardo Cabral
Octávio Teixeira
Viriato Soromenho Marques
Vítor Ramalho
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