3€/Hora através do Estímulo 2012: Arquitectos respondem com petição
Estímulo 2012 é o nome do programa de incentivo ao emprego do governo de Passos Coelho. Antes de Passos Coelho, já José Sócrates tinha lançado as Iniciativas Emprego 2009 e 2010 como propaganda contra os desempregados. Mas desta vez, um grupo de arquitetos juntou-se e dinamiza uma petição que procura apoios pela retribuição condigna da profissão. Mais, esta petição aponta e bem o pacote Estímulo 2012 como uma oferta para os patrões em tempo de crise, em vez da determinação do governo em apoiar quem contrata trabalhadores com direitos.
Vê aqui a petição: Petição Por uma remuneração condigna do trabalho de arquiteto
O texto da petição sublinha o contraste entre a exigência ao trabalhador arquiteto: “…para a ocupação do posto de trabalho, um arquiteto com mestrado como habilitações mínimas, bons conhecimentos de leitura, conversação e escrita das línguas inglesa e francesa, carta de condução e veículo próprio, assim como “design de interiores, desenho 3d, atendimento ao público e sentido de responsabilidade, autoCad” como conhecimentos profissionais.”
…e as ofertas aos patrões exploradores: “…apoiar a contratação de desempregados e aumentar a sua empregabilidade através de formação profissional” e o seu apoio financeiro “consiste num valor mensal correspondente a 50% da retribuição mensal paga pelo empregador ao desempregado contratado”, fazendo com que “um técnico superior com formação de, pelo menos, 5 anos, acrescido de um ano de estágio de acesso à profissão, eventual formação especializada em línguas e em software específico de modelação e produção de imagens 3D, seja pago a 3€/hora.”
O saldo social e económico destas iniciativas dos governos são invariavelmente desastrosas para as vidas de quem quer viver do seu trabalho e introduzem mecanismos de desqualificação na economia. Facilitam aos patrões o que dificultam ao país. É o financiamento dos patrões e empresas pelos cofres públicos e são os baixos salários e precariedade para os trabalhadores mais ou menos qualificados. O desemprego fica sempre em linha de vista dos contratos precários, temporários ou a prazo que são realizados.
Os patrões bem sabem, a seguir à Iniciativa Emprego 2009 vem a 2010, e a seguir ao Estímulo 2012 haverá o 2013. Os salários são hoje pagos, em parte (50% neste caso), quer diretamente pelos cofres públicos, quer através de vantagens fiscais aos patrões e empresas. Assim se destrói um país, a sua economia e as vidas de milhões de pessoas.
Ver:
Denúncia: Estímulo 2012 promove baixos salários e precariedade na arquitetura (PI)
Desemprego 2010 (PI)
Por que raio é que tenho que ter pena de um arquitecto? Para ter pena de um arquitecto, vou ter pena, também, de um tradutor; um antropólogo; um enfermeiro; um radiologista; um geógrafo; etc., etc.
Get used to.
Esta mania dos corporativismos em Portugal, de quererem todos o seu «el dourado» em relação aos outros, é que anda a dar cabo do país.
Somos todos iguais. Não é por lidarem com o 3D Max que estão acima dos outros.
Caro Anónimo,
Parece que o texto não apela à “pena” dos arquitectos. Pelo contrário, sublinha que alguns trabalhadores dessa área se juntaram para tentar uma resposta pública à exploração que sofrem.
Parece também que não está dito que são os únicos a serem explorados ou sequer que são os mais explorados.
De facto o corporativismo é um problema grande (em todos os países), mas o preconceito é ainda maior.
Só juntos, e com solidariedade, é que será possível fazer lutas comuns. Os direitos de uns serão os de outros sempre. A exploração de uns só prejudica o conjunto.
Um abraço
A Censura anda muito activa nos comentários dos blogs. Espero que deixe passar este comentário.
Em http://www.anticolonial21.blogspot.com está a verdade inconveniente sobre a cópia de partes de «Cette nuit la liberté» por Miguel Sousa Tavares para o livro «Equador».