A garantia que o Governo dá aos depósitos de 100.000€ e não dá à Segurança Social

Foi hoje publicado em Diário da República o aumento do limite permanente de garantia de reembolso de depósitos, dos 25.000€ para os 100 mil euros. Desta forma, o governo de Passos Coelho e Paulo Portas transforma em definitiva uma norma introduzida pelo governo de José Sócrates. Os dois últimos governos, PS e PSD-CDS, demonstram assim a sua gestão de classe: não há dinheiro para investir na economia e é necessário destruir o emprego e a Segurança Social, mas há dinheiro para assegurar poupanças até 100.000€ e proteger os responsáveis pela crise (banca e finança). Quantos cidadãos terão poupanças de 100.000€? Enquanto isto, a Cáritas afirma que a Segurança Social devia investir mais na protecção dos atingidos pelo desastre do Regime da Austeridade.
No arrancar da crise financeira, em 2008, os governos começaram a fazer as suas escolhas, organizando-se para proteger a sua classe, aquela de quem tem mais riqueza e de quem tem mais poder, político ou económico. A resposta foi dada prontamente por um dos países mais afectados pela crise, a Irlanda, que decidiu reforçar as garantias aos depositantes para 100 mil euros para proteger os seus bancos (os tais que criaram a crise). Seguiram-se o Reino Unido, a Alemanha, a Suécia e o Luxemburgo. Portugal não ficou de fora e aumentou em novembro de 2008, ainda com José Sócrates, os então 25 mil euros de garantia para 100 mil. Esta Europa dos governos de classe mobilizou-se assim para proteger as poupanças e os responsáveis  pela grave crise social e económica, os bancos. 
Neste mesmo país destruído pela austeridade – Portugal – a Cáritas, pela voz do seu presidente, Eugénio Fonseca, vai afirmando que a Segurança Social devia ajudar mais as pessoas carenciadas face às dificuldades anunciadas para 2012.  Afirmou também que  se deveriam aumentar os salários e as pensões mais baixas, no que considerou ser uma forma de “diferenciação positiva”. “Cortando nos salários e lançando as pessoas no desemprego, se não houver uma almofada social, só podemos esperar duas coisas: o desânimo e o aumento das tensões sociais”. Eugénio Fonseca constata a inutilidade da justiça portuguesa, “construída de forma a facilitar a vida aos mais poderosos” e “…muitas vezes, é forte com os fracos e é tão fraca com os fortes”.
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