Agradecemos a preocupação, mas dispensamos a chantagem!
Há um ressentimento crescente no coração do presidente da Associação Nacional das PME´s, uma vez que não pode fazer parte do grande concerto social onde, nas suas palavras, os concertantes vivem e sobrevivem à custa de subsídios públicos, o que significa que, se não concertam, não recebem subsídios.
Não estará portanto preocupado com a equidade da representação dos parceiros sociais na discussão e negociação das leis laborais, incomoda-lhe antes isso, os subsídios, que pelos vistos alguns ganham e não são de certeza os/as trabalhadores/as – alinhando ou não na sinfonia, por via das centrais sindicais, os seus direitos e reivindicações ficam por se fazer ouvir e ganha a grande tuba que impõe a crise, a produtividade, os interesses dos patrões.
Mas o Sr. Augusto Morais, insiste sobretudo numa outra desfaçatez – agora que se anuncia o aumento de 24€ para o salário mínimo nacional, porque em tempos de crise, o bolo todo não poderia ir todo para a banca, algumas migalhas ficam para quem trabalha (e as eleições que se aproximam, ai as eleições…) as PME´s dizem que não pode ser, senão, inevitavelmente e contra a sua vontade, terão de despedir ou não renovar os contratos a termo.
É a moeda que tem a preocupação de um lado e a chantagem do outro!
Interessante é também o número adiantado para este jogo. Estão em risco 43 mil empregos, isto é, adianta-se que pelo menos este número de pessoas está a receber o salário mínimo nacional com contratos a termo nas PME’s. E que sob a ameaça do aumento do seu salário, que é mínimo, a alternativa é o despedimento.
Bom, compreende-se inequivocamente que quem só está para ouvir o concerto mau do diálogo entre os patrões e os Governos, quem não tem direito a um nota na sinfonia são os/as precários/as, os/as trabalhadores/as, os/as desempregados/as, etc.
No entanto, outras formas de nos fazermos ouvir vamos tentando construir, dizendo isso mesmo, que não ficamos ressentidos por não nos ouvirem, lá, onde se negoceiam as nossas vidas.
Queremos mesmo gritar que as vidas não estão à venda!
E já agora, agradecemos a preocupação, mas dispensamos a chantagem. Os direitos não são moeda de troca, ainda que muitos os olhem como produtos financeiros a desvalorizar!
Sofia Roque.