António Borges: "austeritarismo" a qualquer preço

António Borges, economista e antigo líder do Departamento Europeu do FMI, afirma-se “surpreendido com a qualidade com que [Pedro Passos Coelho] tem sabido governar”. Diz o economista que Portugal será um caso de sucesso, ignorando as privações reais e crescentes que este “austeritarismo” cego tem provocado no país.
Com o desemprego e a precariedade a aumentar sem sinais de travão, com cortes na saúde e educação, com o estrangulamento da criação artística, com o aumento sistemático do preço de transportes, água, electricidade, combustíveis, com os constantes casos de tráfico de influências que pairam no governo, é cada vez mais inadmissível apelidar como um sucesso o cumprimento de um memorando que agride um povo e uma economia quando o objectivo era o seu salvamento.

Sobre o parecer dado pelo Tribunal Constitucional sobre o corte do 13º e 14º salário, também Borges está do lado dos que acham que a Constituição é para ser respeitada quando dá jeito, preocupando-se com a margem de manobra que o governo poderá não ter para cumprir as metas acordadas com a “troika”.
O consultor do governo para as privatizações diz ainda que passa parte do seu tempo “a falar com investidores estrangeiros, aqueles que querem entrar no momento certo, quando a economia começar a dar a volta, no ponto mais baixo, que é o momento de entrar. E há quem pense que já estamos nesse ponto.” Dúvidas desfeitas, António Borges não tem qualquer pejo em afirmar que o objectivo é deixar de rastos a economia do país para depois o leilão se fazer com uma base de licitação o mais baixo possível.
Já António Oliveira Salazar dizia: “tudo está bem e não podia ser de outra forma”.
Notícia no “Público”
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